domingo, dezembro 24, 2017

Imprensa - Críticas e Notícias Sobre BD (XXXV) - Comer e Beber, variantes ficcionais por Filipe Melo e Juan Cavia








Dog Mendonça e Pizzaboy, personagens criadas pela dupla Filipe Melo, argumentista/guionista, e Juan Cavia, ilustrador de BD, são nomes indissociáveis na banda desenhada portuguesa. Como seria de esperar, as personagens que criaram cumpriram a sua vida fictícia, tiveram sucesso cá e nos States, mas, pelo que diz o argumentista, provavelmente não voltarão à cena da arte sequencial

Quem voltou foi a dupla de autores, com Vampiros, e em seguida envolvidos noutro tema totalmente diferente, que de certa maneira se depreende pelo título, Comer/Beber. (*)

Atento à novel obra e aos autores, o jornalista Gonçalo Frota consagrou-lhes duas páginas do suplemento Ípsilon do jornal Público (15 Dez. 2017). 
Do extenso texto respigo algumas passagens, com a devida vénia ao autor e respectivo jornal:
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"(...) As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy (Incríveis, Extraordinárias e Fantásticas, de acordo com cada um dos três tomos) tinham sido, antes de mais, guião para impossíveis filmes de espectacularidade cinematográfica (...)
"(...) Foram três volumes de BD que Filipe Melo escreveu e trabalhou em parceria com os argentinos Juan Cavia e Santiago Villa. (...)
Apesar do enorme sucesso para o modesto mercado da BD portuguesa, e das pequenas histórias encomendadas pela gigante norte-americana Dark Horse Comics, o ciclo cumpriu-se e ficou fechado de vez. (...)
"(...) Daí que (...) a parceria com Juan Cavia tenha tomado um rumo bastante distinto com a publicação de Os Vampiros em 2005. De um momento para o outro, desabava a monumentalidade e adentravam num tom mais pessoal e fortemente ancorado na realidade, a partir da exploração de uma ideia que começara por ser pensada como história de terror, de zombies e afins, e se converteu numa intensa e fulgurante narrativa em torno da Guerra Colonial. (...)

"(...) Depois de Os Vampiros era impossível voltar atrás. E quando Carlos Vaz Marques, coordenador da revista literária Granta Portugal, convidou Melo e Cavia a participarem com uma história no número temático Comer/Beber, os heroísmos de ambição desmedida e os lobisomens de Tondela já tinham sido enfiados na gaveta (...)

"(...) Foi no relato de uma amiga (Nádia Schilling) acerca do episódio familiar em que o seu bisavô, no dia da invasão nazi da Polónia, correu a esconder a melhor garrafa de champanhe que guardava no restaurante, que Melo pensou de imediato assim que chegou o convite da Granta. (...) 

"(...) Mas as expectativas começam a ser geridas a partir do formato do livro. Comer/Beber é  bem mais pequeno do que as obras anteriores da dupla, ameaça passar despercebido nos escaparates das livrarias, mas alerta de imediato o leitor para a necessidade de enfiar a cabeça mais dentro das páginas, de ter de se deixar sugar pelas histórias e assinar um pacto de intimidade que está a anos-luz da saga de Dog Mendonça. A capa, com a imagem de uma típica bomba de gasolina do interior norte-americano, plantada no meio do nada, parece dizer com todas as letras: 'aqui não há nem explosões nem um mundo à beira do abismo'. (...)     

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(*) Falei aqui no blogue da primeira parte da obra, publicada na revista Granta Portugal. Vejam o post:

http://divulgandobd.blogspot.pt/2017/10/bd-de-filipe-melo-e-juan-cavia-na.html

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Os interessados em ver as 33 anteriores postagens deste tema "Imprensa - Críticas e Notícias sobre BD" (com início em 15 de Julho de 2005) poderão fazê-lo, bastando para isso clicar nesse item visível aqui por baixo no rodapé  

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