terça-feira, dezembro 26, 2017

Baile de Máscaras, bd curta sem palavras







José Lopes tem talento para o desenho e imaginação para construir ficções, percebe-se pela banda desenhada curta (sete pranchas apenas) e sem palavras, excepto o título, "Baile de Máscaras". Aliás, uma hipótese de pista para a compreensão da narração figurativa muda.

Vejamos. Um baile de máscaras, duas figuras - masculina e feminina - que se atraem. Mas quando o homem tira a máscara, sente-se o súbito afastamento, triste e desiludido, da mulher, afinal uma extraterrestre. Está-se no possível início de uma narrativa de ficção científica, ou trata-se de uma metáfora da incomunicabilidade?

Publicação: Revista Gerador nº10
Data: Trimestre de Outubro a Dezembro de 2016 

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Reproduzo (parcialmente) uma entrevista que fiz com José Lopes para o meu fanzine Ad Hoc (nº1 - Agosto de 1997), que se apresentava sob o seguinte título, a reproduzir uma frase do entrevistado.

Alexander Search foi um dos primeiros heterónimos de Fernando Pessoa.
Achei que era o nome ideal para a minha personagem.
- diz José Carlos Lopes

De seu nome completo José Carlos Moreira Lopes, este novel autor de banda desenhada nasceu em Nampula, Moçambique, a 15 de Março de 1977. Veio para Portugal aos quatro anos, tendo adoptado a nacionalidade portuguesa.
É autor da banda desenhada "As Aventuras de Alexander Search - O Arquitecto"  incluída neste número do fanzine "ad hoc", a primeira que vê publicada. Trata-se ainda de um desconhecido, pois só há pouco tempo começou a contactar com pessoas ligadas aos meios bedéfilos.

- José Lopes, que habilitações literárias é que tem, e o que é que faz neste momento?
- Tenho o 12º ano de Técnicas Comerciais de Venda, e ando à procura de emprego. Só assim é que consegui terminar esta banda desenhada.
- Quer dizer que quando estiver empregado vai deixar de fazer bd...
- Vai ser mais difícil. O trabalho devora-nos os dias.
- Neste episódio inicial de "As Aventuras de Alexander Search" apenas aparece escrito o seu nome completo. Fica-se sem se saber qual é o seu nome artístico.
- Inicialmente estava a pensar em Carlitos, que é o nome por que ainda hoje alguns familiares me tratam. É um diminutivo simpático, e que ainda estou a pensar usar, talvez pelo contraste que possa causar entre o nome e o conteúdo das histórias.
- Quando é que começou a fazer bd?
- Foi na escola, no 5º ano. O professor de Educação Visual disse-nos para fazermos uma bd para ser posta na biblioteca. Eu e uns colegas fizemos um trabalho conjunto por quatro grupos. Cada grupo trabalhava uma prancha e passava-a a outro  grupo para a desenvolver. O resultado era um bocado surrealista, absurdo (que é o que gosto), uma história sem significado nenhum, e o gozo vem de as pessoas tentarem tirar um significado daí.
- Onde é que está essa banda desenhada?
- Na Biblioteca da Escola Preparatória de Monte Abraão.
- Já tem alguma bd publicada?
- Não.
- Como é que lhe surgiu a ideia para fazer a bd "As Aventuras de Alexander Search"?
- Através das Testemunhas de Jeová que me bateram à porta um belo dia. 
  Deram-me um livro que aceitei como prova da minha tolerância de ateu, e pus-me a ver as imagens do livro. Foi daí que surgiu numa das páginas, uma casa que foi como que uma revelação para mim.
  A partir daí desenvolvi a história de "O Arquitecto".
- Foi intencional a escolha do nome Alexander Search, que tem implícito um duplo sentido?
- Foi. Esse nome deve-se a uma paixão que tenho por Fernando Pessoa, e ao pesquisar nomes para o meu herói, procurava um nome que tivesse um segundo sentido. Por acaso, um dos primeiros heterónimos de Fernando Pessoa chamava-s Alexander Search, e achei que era o nome ideal para a minha personagem.
- Alexander Search vai voltar a aparecer?
- Vai, numa história que se chamará "O Triângulo das Bermudas", onde será revelada a origem da personagem, se é que isso poderá vir a interessar alguém. (...)             

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