quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Banda Desenhada portuguesa nos jornais (CXXXII)

"A Grande Farsa da Maçonaria de LéoTaxil" é o título de uma entre tantas bandas desenhadas (268!) que Nuno Saraiva realizou semanalmente para a rubrica Na Terra Como no Céu, publicada na revista/suplemento Tabu do hebdomadário Sol.

Logo na segunda vinheta, aparece a seguinte legenda: "Parece que já não é segredo falar da Maçonaria. Falemos então de Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand-Pagès, mais conhecido por Léo Taxil".

Ora este Léo Taxil, nome literário do Marie Joseph (apesar do nome feminino, tratava-se de um indivíduo de sexo masculino), chegou a ingressar na maçonaria em 1881, mas por ter sido expulso passou a ser um escritor anti-maçónico, posição bem evidente se tivermos em conta os seguintes títulos dos seus livros: "L'Antéchrist ou l'Origine de la franc-maçonnerie", "Les Assassinats maçonniques" (elementos que extraí da Wikipedia, com a devida vénia).

Figura controversa, apoiada numa certa fase pela igreja católica (chegou a ser recebido em audiência pelo Papa Leão XIII - de novo o meu agradecimento à Wikipédia), foi a personagem principal da banda desenhada que se atreveu a mexer no tema actualmente muito em foco, a maçonaria, que até há poucos anos era um misterioso tabu.

Nuno Saraiva, o seu autor, tomou partido claramente quando, na legenda da última vinheta da bd publicada na Tabu de 13 Janeiro 2012, escreveu:
"Hoje podemos tirar deste episódio verídico uma ilação: se até um papa caiu nas palhaçadas da maçonaria, por que não três líderes parlamentares?"

Duas semanas depois, na edição da Tabu de 27 Janeiro, saía a última bd da série, visto que seria dispensada a colaboração do Nuno, com a habitual desculpa nos tempos de crise que correm: problemas orçamentais...

"Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay" - deu-me agora vontade de citar aquela desconcertante frase popular espanhola.
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("Post" 6 de 7)

Conjunto de 7 postagens, uma por dia, abarcando vários temas, em bandas desenhadas afixadas diariamente, cujo intuito é o de homenagear Nuno Saraiva e a sua notável série de banda desenhada "Na Terra Como no Céu", iniciada a 16 de Setembro de 2006, e que se finou no dia 27 de Janeiro de 2012, após gloriosos cinco anos e meses de publicação contínua no jornal Sol, na sua revista/suplemento Tabu.

Maldita crise! Lastimável critério (?) editorial!

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Vale a pena visitar o blogue do Nuno Saraiva onde ele tem excertos das 536 bandas desenhadas que compõem a série "Na Terra Como no Céu" (depois de lá chegarem, cliquem na rubrica "Mosaico", na barra das etiquetas situada no topo). Um autêntico esplendor!
http://naterracomonoceu.blogspot.com
e também a das suas ilustrações
http://nunosaraivaillustration.blogspot.com
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terça-feira, fevereiro 28, 2012

Banda Desenhada portuguesa nos jornais (CXXXI)




"Também Roma conheceu tempos de crise", escreveu Nuno Saraiva a iniciar o episódio "Cleópatra e Marco António", mais uma banda desenhada a cores publicada pelo jornal Sol, na sua revista/suplemento Tabu (edição: 1 Abril 2011).

Fazer duas pranchas de BD por semana não é tarefa ao alcance de qualquer banda-desenhista, não apenas pela componente de desenho, mas especialmente pela elaboração do argumento/guião.
Cada autor completo de BD tem de ter dois tipos de talento: o de ficcionista e o de desenhador. Após imaginar o enredo (ou seja, o argumento), o autor tem de o sintetizar num guião (onde descreve os locais da acção e os diálogos), e em seguida transformar tudo em imagens.

Nuno Saraiva fez tudo isso, a "solo", na série Na Terra Como no Céu, entre 2006 e 2012. Teve necessidade de arquitectar, todas as semanas, uma breve trama ficcional, indo buscar inspiração à realidade.
Daí a frase inicial, que se entende perfeitamente como ironia à situação crítica dos tempos actuais em Itália, aliás como em toda a Europa.
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("Post" 5 de 7)

Conjunto de 7 postagens, uma por dia, abarcando vários temas, em bandas desenhadas afixadas diariamente, cujo intuito é o de homenagear Nuno Saraiva e a sua notável série de banda desenhada "Na Terra Como no Céu", iniciada a 16 de Setembro de 2006, e que se finou no dia 27 de Janeiro de 2012, após gloriosos cinco anos e meses de publicação contínua no jornal Sol, na sua revista/suplemento Tabu.

Maldita crise! Lastimável critério (?) editorial!

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segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Banda Desenhada portuguesa nos jornais (CXXX)



Conan, perdão, Coinan (assim o baptizou Nuno Saraiva na bd paródica "Rei Obama"), repito, Coinan o Bárbaro, demonstra ser um leitor atento de banda desenhada. De facto, vemos o herói cimério a ler/ver um comic-book cujo título é "O Fabuloso Homem Arranha" (sic), em que, diz o narrador/autor N.S., se vê Barack Obama a ser salvo de um atentado pelo alter-ego de Peter Parker, o que causa nítidos ciúmes ao musculado herói da BD leitor de BD, que diz: "Eu, Coinan o Bárbaro, é quem vai salvar o grande rei Obama!!".

E em breve está às portas da Casa Branca (na BD as coisas são fáceis, por isso os autores ultrapassam as fronteiras da verosimilhança com total descaramento...) e é o próprio presidente Obama que o interpela: "Arnold? Arnold Schwarzenegger?", o que muito desgosta o Coinan...

Vale a pena ver em pormenor esta bd curta, arquitectada por um dos autores mais talentosos da actual BD portuguesa. 
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Os visitantes habituais da blogosfera sabem como fazer para os textos das bandas desenhadas ficarem bem legíveis. Mas para quem tem pouca prática, aqui fica uma ajuda: um clique inicial sobre a imagem faz a primeira ampliação; a seguir o cursor toma o aspecto de uma lente, e volta-se a clicar. O texto fica então suficientemente legível.
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("Post" 4 de 7)
Conjunto de 7 postagens, uma por dia, abarcando vários temas, em bandas desenhadas afixadas diariamente, cujo intuito é o de homenagear Nuno Saraiva e a sua notável série de banda desenhada "Na Terra Como no Céu", iniciada a 16 de Setembro de 2006, e que se finou no dia 27 de Janeiro de 2012, após gloriosos cinco anos e meses de publicação contínua no jornal Sol, na sua revista/suplemento Tabu.

Maldita crise! Lastimável critério (?) editorial!

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Lisboa na Banda Desenhada (XIX)


(Estas duas pranchas que compõem o episódio "Praça da Caridade" foram publicadas no semanário Sol, na sua revista/suplemento Tabu, no nº 250 de 17 Junho 2011
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Com estupendas imagens em perspectiva de picado sobre a Praça da Figueira, embelezada pela estátua equestre de D. João I, assim se apresentam as duas vinhetas iniciais da banda desenhada "Praça da Caridade".

Assinada por N.S., como simplesmente sempre se identificou Nuno Saraiva na série "Na Terra Como no Céu", seu autor completo - desenho, argumento, legendagem e colorização -, esta bd tem nitidamente um fundo de crítica sócio-política, bem conotada com a situação actual deste país.

A prancha seguinte, com o episódio"Baratas Tontas" (in jornal Sol, revista/suplemento Tabu, de 21 Abril 2011), mostra, numa bem conseguida perspectiva, uma parte das arcadas do Terreiro do Paço/Praça do Comércio. e através delas a estátua de D. José.
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("Post" 3 de 7)

Conjunto de 7 postagens, uma por dia, abarcando vários temas, em bandas desenhadas afixadas diariamente, cujo intuito é o de homenagear Nuno Saraiva e a sua notável série de banda desenhada "Na Terra Como no Céu", iniciada a 16 de Setembro de 2006, e que se finou no dia 27 de Janeiro de 2012, após gloriosos anos de publicação contínua no jornal Sol, na sua revista/suplemento Tabu.


Maldita crise! Lastimável critério (?)  editorial!
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sábado, fevereiro 25, 2012

Política e BD (III)


Há personalidades políticas que suscitam veementemente a criatividade de autores de banda desenhada e cartunistas, e que os fazem felizes, visto que lhes fornecem motivação frequente.

Nuno Saraiva, autor da bd em duas pranchas que ilustra o presente "post", nela explorou satiricamente uma cena divulgada pela TV, protagonizada pelo então primeiro-ministro José Sócrates. Não foi o único político que caiu sob a ironia e o sentido da oportunidade do ilustrador, o mesmo aconteceu a outros portugueses e também estrangeiros.

Foi  por causa desta estupenda série de BD, intitulada "Na Terra Como no Céu", que durante uns anos comprei o semanário Sol, e sei de mais alguns apreciadores de banda desenhada que igualmente o faziam.

Todavia, por alegadas razões orçamentais, os responsáveis do jornal terão decidido cortar despesas. E foi exactamente esta componente de BD a sacrificada. O que muito lamento.
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("Post" 2 de 7)

Conjunto de 7 postagens, uma por dia, abarcando vários temas, em bandas desenhadas afixadas diariamente, cujo intuito é o de homenagear Nuno Saraiva e a sua notável série de banda desenhada "Na Terra Como no Céu", iniciada a 16 de Setembro de 2006, e que se finou no dia 27 de Janeiro de 2012, após gloriosos anos de publicação contínua no jornal Sol, na sua revista/suplemento Tabu.

Maldita crise! Lastimável critério (?) editorial!
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sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Acordo Ortográfico na BD e afins (XII)




Em Na Terra Como no Céu, série de BD da autoria de Nuno Saraiva, foi publicada no jornal Sol em 21 de Abril de 2011 o episódio "Baratas Tontas".

Chamou-me a atenção a última vinheta da 2ª prancha (vinheta essa reproduzida outra vez, agora em primeiro lugar, no topo), com a palavra INSETICIDA escrita assim, sem a consoante muda, como manda o AO90, que obriga a escrever seguindo a fonética.


Mas o estranho do caso é que, durante toda a publicação da série, Nuno Saraiva sempre usou o antigo Acordo Ortográfico de 1945 (AO45).


Distracção do autor?


Ou quer isto dizer que o AO90 é bom para acolher e legalizar as distracções?

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("Post" 1 de 7)

Conjunto de 7 postagens, uma por dia, abarcando vários temas, em bandas desenhadas afixadas sucessivamente a partir de hoje, com o intuito de homenagear Nuno Saraiva e a sua notável série de banda desenhada "Na Terra Como no Céu", iniciada a 16 de Setembro de 2006, e que se finou no dia 27 de Janeiro de 2012, após gloriosos anos de publicação contínua no jornal Sol, na sua revista/suplemento Tabu.

Maldita crise! Lastimável critério (?) editorial!
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sábado, fevereiro 18, 2012

Fernando Pessoa na BD... e não só (XVI)









Ónima - Heterónimos Pessoanos é o título da edição em livro - no formato invulgar de 34x14cm - de um projecto levado a efeito por alunos da turma do 2º ano de Comunicação da Escola Profissional Profitecla do Porto, sob orientação do Arquitecto Pedro Castro.

Nesta obra colectiva - realizada em contexto de trabalho pedagógico da Profitecla -, surge um artigo dedicado à BD intitulado Fernando Pessoa na Banda Desenhada, da autoria deste bloguista, convidado por Pedro Castro que, além de arquitecto e professor naquela escola, também tem feito banda desenhada esporadicamente.

Esse artigo, que ocupa três páginas da invulgar edição, está reproduzido no topo do "post". E, embora com lacunas respeitantes a obras surgidas posteriormente, uma brasileira e outra espanhola, faz um levantamento de bandas desenhadas surgidas em álbuns, revistas, fanzines e também na blogosfera, debruçadas sobre o poeta Fernando Pessoa. 

Os visitantes habituais da blogosfera sabem como fazer para os textos ficarem bem legíveis. Mas para quem tem pouca prática, aqui fica uma ajuda: um clique inicial sobre o texto faz a primeira ampliação; a seguir o cursor toma o aspecto de uma lente, e volta-se a clicar. O texto fica bem legível.

Mas, para facilitar a leitura, reescrevo o texto mais abaixo.

Ónyma - Heterónimos Pessoanos (*)
Autores: Alunos de Comunicação/Grupo de FCT
Orientação gráfica: Pedro Castro
Livro brochado, 80 páginas em papel couché de elevada gramagem, com impressão de imagens em quadricromia
Edição: Edições Profitecla (2007/2008)
Porto

(*) Heterónimo provém do grego, na junção das palavras Heteros, que significa diferente, e Ónymo, cujo significado é nome

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Embora este livro tenha sido editado em 2008, só agora decidi divulgá-lo aqui no blogue, considerando o facto de estar patente ao público uma excepcional exposição intitulada Fernando Pessoa: Plural como o Universo, que foi organizada pelo Museu de Língua Portuguesa em São Paulo, Brasil, tendo vindo para Portugal para ser exposta na Fundação Calouste Gulbenkian, a partir do dia 9 de Fevereiro, e onde se manterá até 30 de Abril.
Note-se que a exposição brasileira foi valorizada com peças do espólio do poeta que estavam dentro duma muito falada "arca de Pessoa".  
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Pedro Castro, responsável pelo projecto e pela edição, acrescentou ao nome deste bloguista a indicação "Presidente do Clube Português de Banda Desenhada".
Acontece que Pedro Castro conheceu-me nos anos 1980, quando eu era membro da Direcção daquela colectividade, de que fui vice-presidente várias vezes, alternando com Carlos Gonçalves. Por mútuo consenso, ambos decidimos nunca concorrer ao lugar de presidente, deixando esse cargo para desenhadores, como foi o caso de Eugénio Roque, José Garcês e Pedro Massano.
Obviamente, Pedro Castro desconhecia esses pormenores, e "elegeu-me" como presidente do CPBD para me identificar.

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Os anteriores artigos dedicados a este tema podem ser vistos clicando no item Fernando Pessoa na Banda Desenhada, visível no rodapé.
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Fernando Pessoa na Banda Desenhada

Biografar figuras históricas, transformar em figuração narrativa factos da História de Portugal, ou adaptar romances dos nossos maiores romancista, tem sido recorrente na Banda Desenhada Portuguesa.

Outro tanto não acontece no que concerne a poetas ou à própria Poesia, excepção feita a Luís de Camões e também aos Lusíadas, autor e obra bastante divulgados em publicações várias - álbuns e revistas - tanto em Portugal como no Brasil.

Fernando Pessoa, depreende-se da premissa, fica em plano secundário na comparação, pese embora o seu enorme prestígio em ambos os países. Apesar disso, tendo em conta a efeméride dos cento e vinte anos após a data do nascimento do poeta em Lisboa, a 13 de Junho de 1888, faz todo o sentido tentar historiar quantas e quais as obras desta forma de arte em que ele, ou os seus heterónimos, e respectivas poesias, tenham servido de tema.

Em primeiro lugar, surge uma curtíssima referência em duas vinhetas apenas, no episódio caricatural "Manifesto Anti-Mantas", desenhado a preto e branco por Jorge Mateus, sob argumento de Carlos Martins, na revista Selecções BD - I Série - nº3 - Julho 1988, cem anos (e um mês) após o nascimento de Pessoa.
Apesar do centenário ser seu, o principal protagonista desta bd é, afinal, o seu amigo Almada Negreiros (e como figurante, um tal Ritinha, o comum amigo Santa-Rita Pintor) aparecendo o poeta como figura secundária e de forma insólita. Tal acontece quando, a certa altura, surge a imagem de um locutor negro da RTP (na BD, tudo é possível, e no que se refere a anacronismos humorísticos, são frequentes) a dizer, entre outras coisas, "já vejo ali os famosos Pessoas". E, de facto, sentados à mesa do café, com um exemplar do nº2 da revista Orpheu (em que Pessoa colaborou e de cuja geração fez parte) em cima do tampo, vêem-se dois esqueletos, ambos com os infalíveis pormenores identificativos da figura do poeta, chapéu, óculos, bigode e lacinho, que pedem ao locutor "Posso recitar um poema, posso?".

Admitindo a possibilidade de erro, estabelece-se esta aparição da figura de Fernando Pessoa como sendo a primeira na BD portuguesa. Com bem maior espessura ficcional surge uma outra, três anos depois, onde ele se apresenta como personagem principal, "Tião e Maria: Pessoa em Apuros", publicada igualmente na primeira série da revista Selecções BD - nº40, Agosto de 1991. Criada totalmente por José Abrantes, a trama, de claro sentido crítico, desenvolve-se em quatro pranchas, a preto e branco, num "gag" onde Fernando Pessoa tenta fugir por todos os meios a uma praga de pessoanos que querem saber tudo a seu respeito, para sobre ele escreverem, e à conta dele ganharem fama e dinheiro, e por isso o perseguem obsessivamente para onde quer que vá. De referir que a capa, a cores, desse número da revista, serve de apresentação ao episódio, com a figura do poeta em destaque.

Desopilante em absoluto é a obra que se segue cronologicamente, publicada em Outubro de 2000 no nº1 da revista brasileira Chiclete com Banana, mas em versão editada em Portugal. Da autoria de Laerte, o episódio tem por antetítulo "Piratas do Tietê", o mesmo da série, seguido de "O Poeta" como título, completado pelo subtítulo "Com a participação especial de Fernando (em) Pessoa".
São doze pranchas em que aparece alguém, de chapéu, óculos e bigode, a falar sozinho: "Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada". Dominado pelo espírito do heterónimo Álvaro de Campos em fase de profunda depressão, resolve suicidar-se, lançando-se de uma ponte, mas caindo dentro de uma canoa que o leva até próximo de um barco de piratas (do Tietê, claro) que o ouvem declamar, "chamam por mim as águas, chamam por mim os mares" e sobre ele disparam, afundando-lhe a canoa. Insolitamente, o poeta emerge, dentro dum escafandro surgido sabe-se lá donde (da caneta do artista brasileiro, por hipótese...), e continuamente a dizer os versos de qualquer um dos seus heterónimos.
Volta a ser alvo de tentativas de destruição, às quais sempre sobrevive incólume, sem sequer se dar conta dos ataques, absorto na sua poesia, enquanto os piratas desesperam, com o barco quase a afundar-se, e o furibundo e frustrado capitão a berrar no fim "Malditos poetas!!".

Em 2002, sob chancela das Íman Edições, surge o livro Heróis da Literatura Portuguesa, afinal escritores, ficcionistas e poetas, todos biografados pela banda desenhada. Na apresentação da extensa peça de dezoito pranchas, a preto e branco, dedicada a Fernando Pessoa, lê-se: "No Equinócio do Outono de 1930 vamos entrevê-lo na Quinta da Regaleira, numa inconfessável descida aos túneis onde cresce a árvore dos Sefirotes, com saída para o mar, na Boca do Inferno. Por lá passam também o Mago Crowley (...)". É sobre este acontecimento que Pedro Pestana Soares tece o argumento do episódio eivado de esoterismo, desenhado com garra e imaginação por João Chambel.

Em Cádiz, Espanha, edita-se o fanzine Radio Ethiopia. No seu nº 14, com data de Outono-Inverno 2005, foi reproduzida a banda desenhada "Pessoa Revisited", sob a assinatura de Rafa Infantes, no desenho a preto e branco, e no texto que complementa o excerto dum poema de Álvaro de Campos, escrito em português. A apresentação aparece na vinheta inicial: "El joven Campos ya no siente ningún apego a este mundo. Él podria hablaros de las conquistas de la Ciencia moderna, del arte y la metafísica. Podria, si acaso os interesara una solo de sus palabras. Pero las palabras que sus labios pronuncian poco tienen que ver con vosotros".
"Não sou nada". Os versos do poema irão aparecendo nas vinhetas seguintes. "Nunca serei nada". "Não posso querer ser nada". "À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo". E na última vinheta vê-se o poeta deitar fora o caderno onde estivera a escrever, sob a legenda: "Já disse que não quero nada".

Os novos tempos trouxeram diferentes tecnologias. Em vez de impressas em papel, há já muitas bandas desenhadas que começaram, de raiz, no espaço virtual da internet. E Fernando Pessoa, com o fascínio da sua poesia e da sua personalidade, não podia deixar de inspirar algum internauta autor de BD. Miguel Moreira tinha imaginado há muitos anos um projecto desse género, e em Abril de 2004 fez os primeiros esboços. Mas só em 29 de Outubro de 2007 surge no endereço http://lmigueldsm.blogspot.com o blogue "As Aventuras de Fernando Pessoa, Escritor Universal" a mostrar as vinhetas iniciais da homónima banda desenhada. Colorida por Catarina Verdier, a figura bem reconhecível do poeta aparece em "post" de 13 de Junho de 2008, cento e vinte anos após o seu nascimento, num episódio em que, numa das vinhetas, ele está na cama, de tronco nu, mas de óculos e chapéu, ao lado de alguém - de que só se vê um braço - e que num balão de fala, emite a onomatopeia trocista "Blá blá blá". Assim se começa a transformar em banda desenhada o poema "Gostava de gostar de gostar", de Álvaro de Campos, uma entre numerosas meias pranchas que vão compondo sequências com intervalos de dias entre elas, que quase fazem subentender a tradicional frase das antigas histórias aos quadradinhos, "continua no próximo número".

Algo diferente na sua origem, mas com resultados finais semelhantes, é como se pode classificar a banda desenhada "A Anunciação". Concebida por André Oliveira, que após escrever o argumento (um sonho de Fernando Pessoa em que o poeta sente um chamamento divino), teve a ideia de pedir a vários colaboradores - Nuno Frias, Ricardo Reis, Miguel Cabral, João Vasco Leal, para desenharem, e Cristiano Baptista para colorir - que concretizassem o respectivo guião em cinco pranchas, com a finalidade de que a bedê fosse reproduzida no BDJornal. Porém, estando este com a publicação suspensa, isso possibilitou, após acordo com o seu editor e respectivos autores, que editasse no meu blogue "Divulgando Banda Desenhada", no endereço http://divulgandobd.blogspot.com aquela banda desenhada original e inédita a qual, assim, diferentemente, teve a sua estreia na blogosfera.

Continuando a navegar na internet, depara-se-nos o título "Descobrir Portugal em Língua Gestual Portuguesa (LGP), com o subtítulo "A História Animada/Desenhada Descobrir Portugal em Língua Gestual Portuguesa (LGP) para Crianças Surdas, criada, escrita, ilustrada, desenhada e realizada pelo Prof. Francisco Goulão (surdo/deaf) - Portugal".
Não há qualquer data que indique quando se deu o início deste site localizável no endereço http://profsurdogoulao9.no.sapo.pt todo feito à base de imagens desenhadas, apresentando alguma sequencialidade, com os diálogos transmitidos pela linguagem gestual. A intenção é a de falar de Portugal por aquela forma, dando claramente ênfase às cidades do Porto e de Lisboa, visitadas de forma quase exaustiva. No que concerne à capital, uma das imagens que a representam é exactamente a figura do lisboeta Fernando Pessoa, através do famoso retrato que dele fez o seu amigo Almada Negreiros.

Na revista Cais, nº 131 - Junho 2008, aparecem umas tantas bandas desenhadas feitas por alunos e alunas do AR.CO - Centro de Arte e Comunicação Visual. Uma dessas bedês, emduas pranchas matizadas a sépia, é assinada por Ana Filomena Pacheco, e tem o título de "O Banqueiro Anarquista". Trata-se do conto escrito por Fernando Pessoa em Janeiro de 1922, publicado no nº1 da revista Contemporânea em Maio desse ano, cujos invulgares diálogos entre o banqueiro, que assume uma atitude política nada consentânea com a função que exerce, e um seu amigo, a novel autora parcialmente aproveitou,para realizar singular obra de figuração sequencial.

Por fim, é sabido, disse-o Fernando Pessoa, "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce", verso pertencente ao poema "O Infante", do "Mar Português", tantas vezes usado como lema ou justificação, serviu de mote para a prancha inicial da bd "FP vs Bubas". Este antagonista do poeta, de nome tão estranho, é o anti-herói de estimação de Derradé (aliás, Dário Rui Duarte), que continua o episódio inicial e o conclui, numa segunda prancha, com o próprio Bubas a recitar "Ai que prazer/Ter um livro para ler e não o fazer", na presença do tal FP.
Inédita até agora, esta banda desenhada destinava-se ao nº 3 da revista de BD HL (Herpes Labial), cuja edição esteve prevista para Outubro de 2006. Com essa data protelada sine die, surgiu a hipótese de ser editada no meu blogue já anteriormente citado, o que acaba de acontecer, constituindo assim a mais recente homenagem a Fernando Pessoa pela banda desenhada,outra vez em suporte electrónico.
                                                                                                   Geraldes Lino
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terça-feira, fevereiro 14, 2012

Concursos de BD




O cartaz que ilustra o topo do presente "post" foi realizado pelo belga Ptiluc (Luc Lefevre), autor de banda desenhada, e embora à primeira vista possa não parecer linearmente, tem a ver com um concurso de BD organizado em França, na cidade de Perpignan, por uma entidade que se identifica como Movimento Contra o Racismo e para a Amizade Entre os Povos - MRAP66.

Aliás, há um ano - em 8 de Fevereiro de 2011 - divulguei aqui, pela primeira vez, idêntico concurso organizado pela citada entidade de finalidades altruístas.

Lorène Charpentier - que não tenho o prazer de conhecer pessoalmente - é uma francesa que domina razoavelmente bem a língua portuguesa. E é ela que me informa pela segunda vez da realização deste concurso, enviando-me o regulamento (que inclui algumas notas que escrevi em relação ao primeiro concurso).

Autoria das imagens que ilustram o topo deste "post":
1ª - A ilustração é de Ptiluc
2º - A banda desenhada, de tipo naïve, é de Samia

REGULAMENTO DO 2º CONCURSO MEDITERRÂNICO DE BANDA DESENHADA DO MRAP66 - MEDinCOMIX

Este 2º Concurso Mediterrânico de Banda Desenhada do MRAP66: "MEDinCOMIX, contra as discriminações" apresenta-se bastante apelativo, por vários motivos.
Eis uma síntese do regulamento:
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1. TEMA "AS DISCRIMINAÇÕES NO QUOTIDIANO"
--- Trata-se de todas as formas de discriminação.
Existem 18 critérios: origem, sexo, situação de família, gravidez, aparência física, patronímico, estado de saúde, deficiência, características genéticas, modo de vida, sexualidade, idade, opinões políticas, actividades sindicais, pertença ou não pertença, verdadeira ou suposta, a uma etnia, uma nação, uma raça ou uma religião.
Em diferentes domínios : emprego, saúde, educação, serviços, alojamento…
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2. IDADE DOS CONCORRENTES
---Mínima: 10 anos
---Máxima: sem limites
(Aí está, mais uma vez, uma hipótese para aqueles que, já menos jovens, continuam a desejar participar num desafio deste género).
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3. CONDIÇÕES PARA AS BANDAS DESENHADAS
---- a) número máximo de pranchas: 2
---- b) único formato admitido: A4 (29,7x21cm)
---- c) podem ser a preto e branco ou a cores
----d) Os concorrentes estrangeiros podem escrever as legendas em francês ou na sua própria língua. Os organizadores responsabilizar-se-ão pela tradução.
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4. BOLETIM DE INSCRIÇÃO
Cada concorrente (ou grupo de concorrentes) terá de preencher um boletim de inscrição, o qual pode ser preenchido no site do MRAP66, no seguinte endereço:
http://www.olindapart.com/bulletin-participation.html

5. PRÉMIOS

a) O colectivo MRAP66 editará um álbum com todas as obras que receber...
b) ... e organizará uma exposição com as três bandas desenhadas que forem classificadas, acrescentadas às bandas desenhadas da exposição 2011
(Esta expo será itinerante, visto que irá circular nos liceus e bibliotecas da região Languedoc Roussillon).

Há ainda:
c) Uma mesa digitalizadora
d) Material de desenho
e) Assinatura de um magazine francês de BD
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A entrega dos prémios será efectuada pelo autor de BD belga « Ptiluc », no dia (chamada de atenção aos interessados: anteriormente estava indicado o dia 24 de Março de 2012, mas esta data foi alterada).
Na realidade, a entrega dos prémios vai ser num evento que se chama "A Primavera das Solidariedades", claro que na cidade de Perpignan, mas o dia da entrega ainda não está fixado. 
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6. DIREITOS DE UTILIZAÇÃO E REPRODUÇÃO
A participação no concurso supõe a aceitação da reprodução, impressão e difusão, total ou parcial, da(s) banda(s) desenhada(s) participante(s) e/ou do dossier curricular pelo MRAP66, assim como a sua utilização nas actividades da campanha divulgadora.
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7. DATA LIMITE PARA ENTREGA DAS BANDAS DESENHADAS
---  1 de Junho 2012 (substitui a data anteriormente indicada de 15 Março 2012)
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8. CONTACTOS PARA ESCLARECER DÚVIDAS
Quaisquer dúvidas poderão ser esclarecidas no sítio
http://www.mrap66.fr/
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ou através dos endereços
lorenemrap66@gmail.com
samia.mrap66@gmail.com

--
Lorène LE CHARPENTIER
Coordinatrice MRAP 66
35, rue Petite La Real
66000 PERPIGNAN
04 30 44 36 40
06 98 64 25 14
mrap66.wordpress.com

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Comic Jam - 38ª prancha

A Tertúlia BD de Lisboa é, com certeza, o sítio na capital onde se podem encontrar mais autores de banda desenhada por metro quadrado.

Bom, há que esclarecer o seguinte: quando aqui no blogue se mencionam autores de BD, isso não significa - infelizmente - que sejam autores a tempo inteiro. Ou seja: na realidade são indivíduos - uns ainda muito jovens, outros já adultos - que vão fazendo bandas desenhadas nos suportes que lhes aparecem: álbuns (o mais difícil e raro), jornais, fanzines, revistas alternativas, revistas de outros temas mas que incluem alguma bd, blogues, enfim, onde calha...

Ora é exactamente esse género de pessoas que constitui uma boa parte dos participantes mensais da TBDL. Exemplo: no encontro realizado no passado dia 7 deste mês de Fevereiro, estiveram lá umas tantas que têm jeito para o desenho e que, num qualquer dos suportes antes mencionados, já tiveram bedês publicadas.

Nomeio-as por ordem alfabética: Álvaro, Ana Saúde, André Oliveira, Bruno Ma, Carla Rodrigues (que foi a Convidada Especial, e cuja autobiobibliografia podem ler no antepenúltimo "post"), Falcato, FIL, João Amaral, Moreno, Nuno Duarte aka Outro Nuno, Paulo Marques, Pedro Carvalho.

Entre todos, houve seis que se encarregaram de elaborar o comic jam (ou "cadáver esquisito") que ilustra o presente "post", e que foi iniciado, como sempre acontece, pelo/a Convidado/a Especial. Eis os respectivos nomes, seguindo a ordem das vinhetas:

1ª vinheta: Carla Rodrigues (C.E.)
2ª -------- : Pedro Carvalho
3ª -------- : FIL
4ª -------- : João Amaral
5ª -------- : André Oliveira
6ª -------- : Paulo Marques
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Os visitantes interessados em ver os numerosos "comic jam" já afixados, poderão fazê-lo com um simples clic sobre o item Comic Jam visível no rodapé.

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Improvisos na toalha de mesa (VI)

Desenhar enquanto se espera pelo prato pedido, ou após a refeição, é capaz de ser acto compulsivo de qualquer ilustrador/autor de banda desenhada.

Nuno Duarte aka Outro Nuno, é bem o exemplo deste tipo de compulsão, o que se pode comprovar pelas duas composições que ilustram o "post", e também por anteriores postagens, realizadas por autores diversos, geralmente de ilustrações avulsas - com a única excepção de uma banda desenhada feita de improviso por Pepedelrey.
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Para o caso de alguém querer ver essa bd improvisada e/ou outras ilustrações realizadas de improviso, poderá fazê-lo clicando sobre o item Improvisos na toalha de mesa, visível no rodapé

domingo, fevereiro 05, 2012

Tertúlia BD de Lisboa - 331º Encontro - Janeiro 2012





Carla Rodrigues, Convidada Especial da Tertúlia BD de Lisboa, preencherá a componente de tertúlia propriamente dita, visto que se apresentará aos participantes, enquanto autora de banda desenhada, e proporcionará a possibilidade de lhe serem feitas perguntas sobre o que está a ser a sua ainda curta experiência na banda desenhada. E até haverá, como de costume, uma curta sessão de autógrafos.

Após a auto-apresentação de Carla Rodrigues, ser-lhe-á entregue o habitual Diploma de Incentivo, que é exactamente a finalidade dessa sessão, incentivar um(a) novel autor(a) de BD.

(A Convidada Especial da TBDL desloca-se propositadamente do Porto a Lisboa)

A ilustrar este "post" estão imagens das seguintes bandas desenhadas:
1 - Absurd Auditorium - Autoria: Carla Rodrigues (desenho), Martin A. Pérez (argumento)
2 - A Garagem de Kubrick - Autoria: Carla Rodrigues (desenho), J.B.Martins (argumento)
3 - O Colega de Quarto - Autoria: Carla Rodrigues (desenho e argumento, este baseado numa lenda urbana)
4 - Empregado Precisa-se - Autoria: Carla Rodrigues (desenho), J.B.Martins (argumento)
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Carla Rodrigues
Autobiobibliografia

Nasci no Porto, em 1984.
Desde muito pequena que cultivo um enorme gosto pelo desenho, principalmente graças ao meu avô, antigo estudante de Belas Artes, que passava horas comigo a desenhar as mais variadas coisas. O gosto pela BD apareceu quase de mãos dadas, esse graças ao meu pai, que me apresentou a clássicos como o Tintin, Spirou ou Mafalda quando era ainda bem pequena.

Desenhei durante toda a infância e vida escolar, embora academicamente o meu percurso tenha sido outro. Na escola secundária, enveredei pela área de Ciências e acabei por estudar Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, tendo concluído o Mestrado em 2009.

Entre a exigência das aulas e outras azáfamas, a minha periodicidade com o desenho tinha vindo a perder-se um pouco. Para recuperar a forma, decidi em 2005, começar a aprender a fazer uso de ferramentas digitais para o desenho. Isso, juntamente com o ter-me juntado a uma comunidade de arte online bastante conhecida (o DeviantArt), fomentou de novo o desejo de explorar, de melhorar e de crescer com o desenho. Comecei a desenhar cada vez mais, o que me ajudou a melhorar o traço e a técnica de pintura.

Nesta altura, explorava essencialmente a ilustração, mas em 2009, e através de um contacto feito no Deviantart, surgiu a oportunidade de fazer a estreia no mundo dos fanzines, numa colaboração com André Oliveira para o Tertúlia BDZine (nº 136), com uma bd intitulada "Ninguém Segura a Múmia!".

Também em 2009, em parceria com J.B Martins, comecei a publicar o webcomic "A Garagem de Kubrick" no Cineblog, o blog de cinema de J.B. O webcomic é actualizado regularmente, geralmente de forma quinzenal. A sua plataforma principal é a internet, mas teve algumas páginas publicadas no fanzine Funzip #5, assim como na revista de cinema Total Film, que durante alguns meses foi a casa da "Garagem de Kubrick".

Em 2010, publiquei a BD "O Assassino do Martelo", com desenho e argumento de minha autoria, na Zona Negra, edição da Zona para a qual também fiz a capa. Fiz uma bd de 4 páginas intitulada "O Colega de Quarto" para o Venham + 5 (nº7), voltando a ser eu autora completa (argumento e desenho meus)

Mais uma vez em parceria com o meu amigo e argumentista J.B. Martins, desenhei a bd de 3 páginas "Empregado Precisa-se", para a Zona Negra 2, bd essa que foi distinguida em 2011 pelos IX Troféus Central Comics, com o prémio de Melhor Obra Curta. Ainda em 2010, fiz uma bd curta de uma página para a Zona Gráfica 1, com o título "Vampiros Através dos Tempos".

Em 2011, comecei com uma nova colaboração com J.B. Martins, numa bd de 4 páginas intitulada "O Meu Namorado", para a Zona Monstra. Colaborámos igualmente na bd "Os 3 Pastorinhos vs. o Diabo", publicado em Zona Gráfica 2.
No final de 2011, colaborei com Martin A. Pérez, um autor uruguaio na criação de uma curta de bd para a rubrica "MVT'S Absurd Auditorium", analisando o verdadeiro significado por trás de uma conhecida canção dos Police.

De momento, encontro-me a trabalhar em 3 bedês diferentes, ao mesmo tempo que continuo a fazer a "Garagem de Kubrick", que me dá muito prazer.

www.facebook.com/agaragemdekubrick
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Participantes (lista elaborada a posteriori)

1. Adelina Menaia;
2. Álvaro
3. Ana Saúde
4. André Oliveira
5. António Isidro
6. Bruno Ma
7. Carla Rodrigues
8. Cátia Alves
9. Cristina Amaral
10. Falcato
11. FIL
12. Geraldes Lino
13. Helder Jotta
14. Isabel Estanislau
15. Joana Andrade
16. João Amaral
17. João Figueiredo
18. João Luís Spínola Rodrigues
19. João Sequeira
20. Manuel Valente
21. Miguel Ferreira
22. Miguel Peres
23. Moeno
24. Nuno Amado "Bongop"
25. Nuno Duarte "Outro Nuno"
26. Nuno Neves "Verbal"
27. Paulo Marques
28. Pedro Bouça "Hunter"
29. Pedro Carvalho
30. Rui Rôlo
31. Simões dos Santos
32. Vasco Câmara Pestana
33. Vidazinha, Ana

A fim de ver os anteriores "posts" deste tema, bastará clicar sobre o item Tertúlia BD de Lisboa, visível no rodapé

Improvisos na toalha de mesa (V)





Fazer ilustrações na toalha de mesa do restaurante, quase todos os desenhadores fazem. Todavia, fazer bandas desenhadas curtas, ou mesmo curtíssimas, é bastante raro.

Mas Pepedelrey - ilustrador, autor de BD, editor - não tem qualquer dificuldade em fazê-lo: da sua inspiração e talento para a improvisação gráfica - bem patentes na bd que se pode ver no topo do "post" - ficam marcas nas toalhas de papel do restaurante onde há bastantes anos se efectuam os encontros mensais da Tertúlia BD de Lisboa.

Curiosa é a legenda com que o Pepe finalizou o improviso: "A minha primeira bd de 2012". Esperemos que seja a primeira de muitas ao longo do ano. Um talento como o dele merece ser visto com frequência.

Quanto às ilustrações, bem numerosas, espalham-se pelas mesas, e rapidamente são "reservadas" pelos participantes na tertúlia, ficando uma ou outra para este bloguista. É o que acontece com as que aqui estão reproduzidas.

Por exemplo: a seguir à bd do Pepe estão dois retratos femininos, desenhados pela Petra, em que ela própria se auto-retrata (à direita), com a amiga Rechena (à esquerda).

Claro que também a Rechena, aka Dona Zarzanga, não pára de desenhar (e colorir), ficando o resultado à vista (3ª imagem), com alguma carga mística, ou não tenha nascido ela na altaneira e solitária aldeia de Monsanto.

Outro ilustrador/autor de BD que vai para a tertúlia armado de material de desenho, incluindo o que implica colorização, é o Nuno Duarte aka Outro Nuno, e os resultados artísticos do autor da personagem "Mocifão" são, não raro, impressionantes (veja-se a 4ª e última imagem).
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Quem quiser ver os quatro "posts" anteriores com este tipo de desenhos improvisados, poderá fazê-lo clicando no item Improvisos na toalha de mesa inserido no rodapé

Comic Jam - 37ª prancha

Na Tertúlia BD de Lisboa, a tradição no "Comic Jam" ainda é o que era. Ou seja: é, desde sempre, o Convidado Especial que faz a vinheta inicial dessa banda desenhada colectiva, cujo fio condutor ficcional vai sendo feito por cada um dos participantes, à medida que lhe ocorre a sequência.

Coube, desta vez, a primazia a GEvan, seguido por mais cinco autores que improvisaram, cada um de per si, a sequência que imaginaram. Vejam a sequência de seis vinhetas, no topo do "post".
Os nomes dos respectivos autores/improvisadores fica registado aqui por baixo:

1ªvinheta - GEvan - Convidado Especial no encontro de 6 de Dezembro da TBDL
2ª vinheta - Filipe Teixeira "Texugo"
3ª vinheta - Potier
4ª vinheta - J. Mascarenhas
5º vinheta - Joca, aliás João Amaral
6ª vinheta - Falcato


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Os interessados em ver as postagens anteriores deste tema poderão fazê-lo clicando no item Comic Jam inserido no rodapé

Autógrafos desenhados (XVIII) - Joe Kubert

Nos primeiros anos que visitei eventos dedicados à banda desenhada, a minha ânsia de conhecê-los levou-me a Lucca, a Angoulême e, por fim, a Barcelona, neste caso pela primeira vez em 1985.

E reconheço que uma das coisas que mais me entusiasmava era estabelecer contacto pessoal com aqueles autores que tanto admirava. Quando localizei Joe Kubert, esperei o tempo que foi preciso - como não? - para obter um autógrafo.

Quando finalmente chegou a minha vez, disse-lhe como admirava a sua arte. E, claro, passei-lhe o "sketch book" para as mãos...

A ilustração visível no topo deste "post" foi a minha prenda memorável desse dia.
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JOE KUBERT

Síntese biobibliográfica

Joseph (Joe) Kubert nasceu em 18 de Setembrode 1926, na Polónia, mas seus pais emigraram para os Estados Unidos da América quando ele tinha apenas dois meses de idade. É presumível que tenha sido naturalizado americano.

A sua preparação iniciou-se com um estágio no estúdio de Harry A. Chesler, em 1939, passando em seguida a frequentar a New York's High School of Music and Art.

O seu início na BD deu-se em 1941, nos "Catman Comics", com os grupos editoriais "Quality", em "Phantom Lady" e "Espionage", MIJ em "Flag-Man", "Boy Buddies" e "Black Witch", e em 1943, para a DC, onde Kubert trabalhou em várias séries de "comic strips" (entre 1943 e 1949), nas quais se incluem "Johnny Quick", "Zatara", "Newsboy Legion", "Shinning Night", "Crimson Avenger", Hawkman", "Dr. Fate" e "Flash". Ainda nessa época trabalhou também nas séries "Shick Gibson", "Zebra" e "Black Cat".

Inicialmente influenciado por Hal Foster e Alex Raymond - como muitos outros dessa geração -, ele evoluiu para um estilo de claros-escuros mais contrastados, o que lhe granjeou notoriedade nos anos 1950, integrando-se no grupo editorial Archer St. John, onde realizou uma bd intitulada "Tor", em que Kubert era autor completo - escrevia o argumento, passava-o a guião, desenhava o "layout", fazia a arte-final e coloria (o que não está mesmo nada nos esquemas de trabalho nos "Comics" americanos). Ao longo dos anos sessenta, ele desenhou "Cave Carson", "Rip Hunter" e "Sea Devils".

A série "Tor" tinha entretanto granjeado grande fama, o que levou a editora National a convidar o autor/artista a retomá-la em 1975.

Posteriormente Kubert centrar-se-ia em séries de guerra, nomeadamente "Sgt. Rock", "Enemy Ace" e "Unknown Soldier", contando então com o argumentista Bob Kanigher. Especialmente "Enemy Ace" - em que surgia a personagem Baron Von Richtofen - tornou-se um exemplo de escelente trabalho baseado nos aviões da Grande Guerra.

Nessa mesma década de 1950 a 1960, Kubert dedicou-se a uma série de sword and sorcery, "Viking Prince" e para o renascido Hawkman.

Nos anos 1966 e 1967, ele passou a colaborar nos jornais Chicago Tribune - New York News, com a famosa série "Green Barets".

Nesse último ano de 1967 deu-se o regresso à National, voltando a responsabilizar-se por várias séries, entre as quais "Tarzan", sendo que esta, nas décadas de 1970 e 1980, lhe granjeou grande prestígio.

Foi exactamente sobre essa série que incidiu o meu pedido, ao qual Joe Kubert amavelmente acedeu, traçando de improviso este meu desenho autografado de estimação, visível no topo do "post".

Informação adicional "a posteriori"
Joseph "Joe" Kubert faleceu em 12 de Agosto de 2012.
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Os interessados em ver as 17 postagens anteriores deste tema (onde se incluem grandes nomes da BD, tais como Aragonés, John Buscema, Manara, Mordillo, Moebius, Neal Adams, Quino, Solano López, Juan Zanotto, entre muitos outros), poderão fazê-lo clicando no item Etiquetas: Autógrafos desenhados inserido no rodapé.