domingo, dezembro 31, 2006

Visão (1975/76), revista de Banda Desenhada portuguesa (XI) - Falando hoje com... Zepe

Foto de Zepe, tirada no seu estúdio privativo


Zepe é um dos autores que se destaca na excepcional revista Visão (1975/76) de BD, tendo realizado, desde o número inicial, várias bandas desenhada a preto e branco e a cores, num estilo que rompia as margens estéticas em voga na época.

É o nono autor a ser entrevistado neste ciclo, dedicado aos autores/artistas que, subitamente, alteraram o panorama da BD portuguesa que se tinha imposto até então.

A primeira bd a cores de Zepe na Visão, saiu no nº 5 de 1 de Junho de 75


G.L. - Zepe, diz-me o teu nome completo
Zepe - José Pedro Tinoco Cavalheiro
G.L. - Onde nasceste, e quando?
Zepe - No Porto, em 1956.
G.L. – O que significou para ti a Visão?
Zepe – Vamos lá a ver. Na altura em que a Visão começou, eu já tinha publicado umas tantas ilustrações e bandas desenhadas, mas pouca coisa: nos jornais Diário de Lisboa, República, Capital, e numa revista chamada Seara Nova.
Na altura trabalhei com um tipo chamado Sttau Monteiro, num suplemento do Diário de Lisboa chamado "Mosca": fazia ilustrações para as crónicas dele – muitos dos cartunes que fiz para lá foram censurados ou até apreendidos, e eu não recuperava os originais.
Um dos métodos que a Censura tinha na altura era carimbar com a palavra "censurado" a vermelho sobre os originais, o que inviabilizava a reprodução posterior.
Tinha eu nesta altura dezasseis anos.
Um ano mais tarde tive um contacto com o Victor Mesquita e com o Carlos Barradas, que me propuseram trabalhar na revista Visão.
Nessa altura já tinha ocorrido o 25 de Abril, e foi aí também que conheci o Pedro Massano, o Zé Paulo e o Duarte.

Prancha inicial (1 de 3) da bd O Maravilhoso Mundo de Fred Zeppelin - in Visão nº 7, de 10 de Outubro de 1975

G.L. - Em Abril de 1975, tinhas dezanove anos, o que é que fazias? Ainda estudavas, claro.
Zepe – Sim, estava a tirar o 7º ano do Liceu.


Última prancha (de um total de três) da bd Encontro numa estação vazia às cinco e meia da tarde (Visão nº 8, de 10 de Novembro de 1975) Última prancha, de um conjunto de cinco, da derradeira bd de Zepe na revista Visão (nº 9, de 20 de Janeiro de 1976). Repare-se na originalidade de o título da obra, O Anfitrião, aparecer no canto inferior direito, indicando também os nomes dos restantes elementos que nela colaboraram

G.L. – Que fizeste em BD depois de Maio de 1976, data do fim da Visão?
Zepe – Colaborei com uma revista belga chamada Bitume, fiz para lá algumas bandas desenhadas.

G.L. – Extensas?
Zepe – Não. Eram de quatro pranchas cada, e sairam durante quatro números.
Quando fui para a Bélgica, estudar Animação, em 1976, raramente fiz BD. Ainda fiz algumas tentativas de trabalhos para levar a revistas, mas nunca chegava a acabá-las, ou nunca se proporcionava ocasião para publicação.
Posso dizer que, quando comecei a estudar Animação, e depois a fazê-la, foi na Bélgica, onde fiz o Curso Universitário de Cinema de Animação, completado ao fim de cinco anos, na École Nationale Supérieure d'Architecture et Arts Visuels.
Quando voltei, em 1981, isto era um deserto. Havia uma crise económica brutal - e eu comecei a perceber que nem com a Ilustração, nem com a Banda Desenhada, nem inclusivamente com a Publicidade, eu poderia subsistir.
A única pessoa com quem trabalhei na altura, em Animação, foi com o José Abel. Trabalhei com ele à volta de dois anos. E depois foi assim: como em Portugal as coisas não evoluiam a não ser no campo da Publicidade, eu estava mais interessado em profissionalizar-me em Animação. E então contactei um estúdio húngaro de Animação, e foi-me atribuída uma bolsa durante um ano.

G.L. – Por quem?
Zepe – Por um estúdio chamado Pannónia Film Studio, que era um estúdio do Estado húngaro. Estamos a falar de 1986, e o que eu fiz foi cenários para filmes e efeitos especiais para Animação.

G.L. – E BD na Hungria?
Zepe – Não havia nada.
Depois, quando voltei, comecei a dar aulas de Animação na Gulbenkian, e o mercado de Publicidade, em 1987, estava a melhorar. Comecei nessa altura a colaborar com o Nuno Amorim, sobretudo em Publicidade.
Foi por essa altura também que começaram a ser atribuídos subsídios pelo IPACA (depois substituído pelo ICAM - Instituto de Cinema, de Animação, Audiovisuais e Multimédia) a curtas metragens de Animação.

G.L. – Em vez de BD, o que é que tens feito para ganhar a vida?
Zepe – É assim: dou aulas.
Durante dezoito anos dei aulas na Gulbenkian, de Banda Desenhada e Animação. Isto para além de outros cursos, como, por exemplo, de Ilustração e Argumento.
Eu dirigi uma coisa na Gulbenkian, que era o CITEN – Centro de Imagem e Técnicas Narrativas, e que tinha cursos de Argumento, Ilustração, Cinema de Animação e de Banda Desenhada. E fui professor das últimas duas,
Esse Centro neste momento passou para as Belas Artes, ou melhor, para a FBAUL – Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, enquanto Centro de Investigação., e dirijo os mesmos cursos lá.
Para além de orientar esses cursos, eu lecciono Animação na Licenciatura de Arte e Multimédia.
Paralelamente a isto, ao longo deste tempo, nos últimos dez anos, fiz cerca de cem filmes publicitários e genéricos de televisão, e três filmes de autor, apoiado pelo ICAM: Stuart, Cof Cof e Cândido.
A partir de Março vou fazer uma série de Animação para crianças.

G.L. – Há algum projecto de BD que ainda um dia gostasses de concretizar?
Zepe – Pá, eu gostaria de tentar de novo, repegar na questão da BD, mas o problema é que é difícil conjugar a BD com outras actividades: se tu começas a fazer um álbum, ficas dois anos dedicado a isso, e a Animação é uma coisa que já me absorve imenso tempo.
Mas é natural que, no futuro, tendo alguma estabilidade em termos universitários, possa parar durante algum tempo, e dedicar-me a um projecto
De qualquer maneira, seria sempre mais experimental do que comercial.

Entrevista e foto
Geraldes Lino

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"Posts" remissivos sobre a revista VISÃO (de Banda Desenhada)
(X) Novembo, 26 - Nuno Amorim
(IX) Setembro, 12 - Duarte
(VIII) Julho, 9 - Carlos Barradas
(VII) Junho, 30 - Zé Paulo
(VI) Junho, 15 - Corujo Zíngaro
(V) Junho, 13 - Isabel Lobinho
(IV) Maio, 31- Pedro Massano
(III) Maio, 30-Victor Mesquita
2ª Parte - Entrevistas a autores-artistas da revista
2006 (ver acima)

(II) Dezembro, 11
(I) Dezembro, 10
1ª Parte - Textos generalistas acerca da revista
2005 (ver acima)

Há ainda outro "post" (data: Junho 19), esse dedicado ao tema Lisboa na Banda Desenhada, em que se podem observar duas imagens (óptimas, vale a pena vê-las) da autoria de Zé Paulo, ambas extraídas da revista Visão http://divulgandobd.blogspot.com/search?updated-min=2006-01-01T00%3A00%3A00Z&updated-max=2007-01-01T00%3A00%3A00Z&max-results=50http://divulgandobd.blogspot.com/search?updated-min=2006-01-01T00%3A00%3A00Z&updated-max=2007-01-01T00%3A00%3A00Z&max-results=50

sábado, dezembro 30, 2006

Improvisos de Banda Desenhada na toalha de mesa (II) - Autor(a): Joana Rolo

Uma pequena banda desenhada, feita de improviso na toalha de mesa, por Joana Rolo

Ao longo do convívio mensal na Tertúlia BD de Lisboa, os desenhadores enchem as toalhas de papel de desenhos isolados e, mais raramente, de pequenas bandas desenhadas. A presente rubrica tem por finalidade mostrar estas, bem mais difíceis de realizar.
Neste caso, Joana Rolo, a autora, é fã da mangá, o que está bem evidente na pequena sequência que improvisou. Ela é amiga da Joana Lafuente, outra mangaka participante na TBDL, cuja mestria na mangá se pode observar no improviso reproduzido neste blogue em data anterior (ver "post" remissivo abaixo).
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Há outro "post" sobre o mesmo tema. Clicar na coluna "Archives", na data indicada abaixo:
(I) Set. 7 - Autor: Joana Lafuente

quarta-feira, dezembro 27, 2006

BD portuguesa em revistas não especializadas (LI) - Revista Dominium - Autores: Sub Verso (desenho), Bad Kitty (argumento)

Prancha inicial (1 de 2), com o título (curioso trocadilho) Sodomme Isa em Sub Entendido, da autoria da dupla formada por Sub Verso (desenho e cor), Bad Kitty (argumento e guião)

Em Coimbra, no dia da re-inauguração da Livraria Dr. Kartoon, ao passar por uma invulgar loja, observei uma série de revistas expostas, entre as quais uma que nunca tinha visto: Dominium (nº 0, Julho 06), com o subtítulo A revista dos estilos de vida alternativos.
Como sempre faço, com qualquer tipo de publicações, folheei-a, na esperança de ver algo em BD. E tive sorte, encontrei um episódio em imagens sequenciais, limitado a duas pranchas, tendo a ver com o tema a que se dedica a revista, BDSM, ou seja, sado-masoquismo. Os autores assinam com pseudónimos: Sub Verso, autor dos desenhos e respectivo colorido (muito bom, adequado ao tema), e Bad Kitty, que, como se pode ler na prancha, é o autor da história e texto, a que me parece mais adequado classificar de argumento (a história), e guião (o texto já preparado para o desenhador colocar nas legendas e nos "balões de fala", aliás um único, nesta bd).
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"Post" remissivo
Em relação ao jornal Mundo Universitário, a publicação com mais BD portuguesa publicada ultimamente, a relação dos autores participantes pode ser consultada no "post" de Dez. 6.

Quanto aos "posts" englobando diferentes suportes (mas também alguns números do Mundo Universitário), estão reflectidos na lista abaixo:
Dez. 9 (L) Revista "C" - Autores: Miguel Rocha e José Carlos Fernandes
Set.24 2006(XXXVII) Semanário Sol- Autor: Nuno Saraiva;
Ag.9 (XXXVI) BDJornal-Autores: Filipe Andrade (desenho), Filipe Pina(argumento);
Jun.17 (XXXV) Revista Ripa na Rapaqueca- João Ferreira;
Jun.8 (XXXIV) Jornal Mundo Universitário-Autor: Estrompa;
Maio 31 (XXXIII) Jornal Mundo Universitário - Autor: António Valjean;
Maio 24 (XXXII) Jornal Mundo Universitário - Pedro Nogueira;
Maio 16 (XXXI) Jornal Mundo Universitário - Ricardo Cabral (desenho), Jorge Cabral (argumento);
Maio 12 (XXX)-Jornal Mundo Universitário - Pepedelrey;
Maio 8 (XXIX)-Jornal Mundo Universitário - Zé Manel;
Maio 6 (XXVIII)-Revista Motociclismo - Luís Pinto Coelho;
Maio 4 (XXVII) - Jornal Mundo Universitário - J. Mascarenhas;
Abril 23 (XXVI)-Revista Underworld - João Maio Pinto;
Abril 23 (XXV)-Revista da Armada - Antunes;
Abril 23 (XXIV)-Revista Louletano - Eduardo Teixeira Coelho;
Abril 10 (XXIII)-Revista "C" - Miguel Rocha (desenho), José Carlos Fernandes (argumento); Abril 5 (XXII)-Jornal Mundo Universitário - Cheila;
Abril 2 (XXI)-Revista Megajogos - Algarvio;
Março 29 (XX)-Jornal Mundo Universitário - Pedro Manaças;
Março 20 (XIX) Jornal Mundo Universitário - Joana Figueiredo;
Março 13 (XVIII) Revista Kulto - Ana Freitas (desenho), Nuno Duarte (argumento);
Março 3 (XVII) Revista Gente Jovem - Algarvio;
Fev.25 (XVI) Revista Vega - Richard Câmara;
Fev.18 (XV) Revista Periférica - Hugo Pena (desenho), Jorge Pedro Ferreira (argumento); Fev.14 (XIV) Jornal Mundo Universitário - Andreia Rechena;
Fev.08 (XIII) Jornal Mundo Universitário - Derradé;
Jan.16 (XII) Jornal Mundo Universitário - Pedro Alves
2006 (daqui para cima)
Dez.12 (XI) Jornal Mundo Universitário - Álvaro;
Nov.29 (X) Lista com autores publicados até agora no jornal Mundo Universitário; Nov.24 (IX) Jornal Mundo Universitário - Luís Valente;
Nov.15 (VIII) Jornal Mundo Universitário - Paulo Marques (desenho), Bruno Silva (argumento);
Nov. 15 e 8 (VII) Semanário Blitz - João Maio Pinto (desenho), Esgar Acelerado (argumento); Out.28 (VI) Jornal Mundo Universitário - Fritz;
Out.13 (V) Jornal Mundo Universitário - Francisco Sousa Lobo;
Set.29 (IV) Jornal Mundo Universitário - José Lopes;
Set.16 (III) Semanário Blitz - João Manuel Pinto (desenho), Esgar Acelerado (argumento); Ag.18 (II) BD Jornal - Maria João Careto;
Jul.1 (I) Diário de Notícias - José Carlos Fernandes
2005 (daqui para cima)

domingo, dezembro 24, 2006

Natal na Banda Desenhada (II) - Autor: Bill Watterson

Tira de banda desenhada com as personagens Calvin & Hobbes, da autoria de Bill Watterson
(in jornal Público, 23 Dez. 06)

Mais uma vez se lastima o facto de o autor-artista Bill Watterson se ter portado mal, ao decidir, sem consultar os seus admiradores - aqui este blogger, por exemplo - acabar com a realização desta série, obra prima da Banda Desenhada.
Pelo menos eu votei-a, no inquérito realizado pelo CNBDI, como Uma das 100 melhores obras de BD do século passado.
Se alguém estiver em desacordo com a minha afirmação, deixe mensagem.
(DEIXE MENSAGEM! Como diz o meu amigo Luís Graça, poeta e rei dos trocadilhos, na gravação do seu telemóvel, alteando a voz).
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"Post" remissivo
Deste tema há mais uma peça de BD, visível por apenas um ligeiro "scroll down", a fim de a ver logo abaixo, na data a seguir mencionada
(I) - Dez. 23 - Autor: Nuno Markl

sábado, dezembro 23, 2006

Natal na Banda Desenhada (I) - Autores: Nuno Markl (desenho), Francisco Martiniano Palma (argumento)

Reprodução do episódio E assim começa a Quadra Natalícia, da autoria de Nuno Markl (desenho), Francisco Martiniano Palma (argumento)

Para os leitores do jornal Público, é já familiar uma prancha de BD, algumas vezes sob a forma simplificada de cartune (isto é, ou só uma imagem, ou em imagens sem sequência) intitulada Há Vida em Markl - no suplemento humorístico O Inimigo Público, actualmente inserido na edição de sábado daquele jornal - da autoria de Nuno Markl.
Foi de lá que retirei este gag, não sendo desta vez (caso esporádico), da total autoria do citado humorista, cartunista e banda-desenhista, algumas das suas actividades artísticas, mas sim, com a colaboração de um desconhecido na área da BD, que teve a ideia (o argumento, afinal).
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Nota a posteriori:
Divulguei a bd (que tem muita piada) do duo Nuno Markl/Francisco Martiniano Palma, no fanzine Folha Volante (nº 167), visível no meu outro blogue, o Fanzines de Banda Desenhada, cujo endereço é:
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Livros sobre Banda Desenhada - Os Meus Livros (IV) - Foster e Val, por Manuel Caldas

Capa do livro Foster e Vale, editado em 1989 por Manuel Caldas

Teve o aspecto que se pode ver na imagem acima, a primeira tentativa de edição de um estudo feita por Manuel Caldas, estudo esse dedicado aos seus dois ícones na Banda Desenhada: o autor-artista Harold Foster, a personagem Príncipe Valente.
Esta edição, salvo a capa (feita em cartolina cor de salmão, com a imagem aguarelada manualmente pelo editor!), era totalmente a preto e branco.
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Foster e Val
Data da edição: 1989
Edição do Autor (sic)
Capa e 170 páginas a p.b.
Formato 21x29,7cm
Editautor: Manuel Caldas
Póvoa de Varzim
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"Post" remissivo:
Textos anteriores desta rubrica Livros sobre BD - Os Meus Livros foram mostrados nas seguintes datas:
(III) - Dezembro, 21 -Foster e Vale-Os Trabalhos e os Dias do Criador de "Prince Valiant"
(II) - Junho 9 - Dicionario Zinho-Autor: A.J.Ferreira
2006 (ver acima)

(I) - Set. 29 - Roteiro Breve da BD em Portugal-Autor: Carlos Pessoa
2005 (ver acima)

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Livros sobre Banda Desenhada - Os meus livros (III) - Foster e Val-Os Trabalhos e os Dias do Criador de "Prince Valiant" por Manuel Caldas


Capa da obra Foster e Val - Os Trabalhos e os Dias do Criador de "Prince Valiant"
Autor: Manuel Caldas grafismo de M. Nöel Hantonio, edição do faneditor M.C.

Em 1989, quase vinte anos antes deste livro, Manuel Caldas (Manuel António Caldas) editou um outro, com título mais lacónico, ou seja, Foster e Val.
Apesar da sua qualidade de impressão ser substancialmente inferior, impressa em "pequeno offset" (também conhecido por "offset de escritório), sistema gráfico que algumas reprografias possuiam naquela década (o meu fanzine Eros teve o mesmo tipo de impressão), a edição esgotou-se, bem como uma reedição datada de 1993, esgotada também desdehá muito.
Vai daí, o bom do meu amigo Manel resolveu reincidir em obra sobre o mesmo tema, valorizada desta vez por conteúdo aprofundado, e diferenciada substancialmente no aspecto, no formato, no "design", e no título.Imagem inicial do livro, com qualidade impecável na reprodução da quadricromia

Manuel Caldas, leitor/visionador apaixonado da obra de Hal Foster, teve dela conhecimento ainda muito jovem. Vale a pena começar a leitura do livro logo pelo verso do frontispício, onde ele, ao lado da ficha técnica, escreveu um pequeno texto de agradecimento a várias individualidades, incluindo palavras de reconhecimento ao pai, simples e comovente:

Página do jornal O Primeiro de Janeiro (que era editado no Porto, mas já desaparecido), onde se pode observar uma prancha do Príncipe Valente

(...) e o meu pai (que, quando aos onze anos eu coleccionava o suplemento dominical de O Primeiro de Janeiro por causa das páginas de Walt Disney, me abriu os olhos ao observar: "o Príncipe Valente é que tem uns desenhos bem feitos" - foi fulminante!).

Como mera curiosidade histórica, refira-se que o citado jornal (deixado de editar há poucos anos) O Primeiro de Janeiro, com origem no Porto, começou a reproduzir a obra Príncipe Valente em 26 de Abril de 1959 (Manuel Caldas dixit).

A fim de se ter uma ideia do conteúdo do livro, veja-se o índice:
Apresentação; Hal Foster - o Homem, o Aventureiro e o Artista; Da Prancha original à Página Impressa; O Ciclo Arturiano em Prince Valiant; O Tarzan de Hal Foster; Para lá de Prince Valiant e Tarzan; A influência de Hal Foster; As Reedições de Prince Valiant; Os Originais de Hal Foster; Prince Valiant à Margem da Prancha Dominical; A Obra de Hal Foster em Portugal - Relação Completa do Principe Valente em Portugal; Bibliografia.

Como sabem os que não se limitam à leitura/visionamento das histórias, pranchas e vinhetas que constituem a BD, mas aprofundam o conhecimento da Narração Figurativa tanto pela análise de obras antigas como pela aproximação às biografias dos autores, Harold Foster entrou na Banda Desenhada ao construir os quadradinhos sequenciais da obra Tarzan of the Apes, e com ela ganhou a notoriedade inicial. Assunto que é esmiuçado em capítulo próprio.Após o indispensável breve delineamento - mas suficientemente aprofundado - da trajectória artística do ilustrador, chega-se ao capítulo fundamental Prince Valiant: nos Tempos de Hal Foster (trocadilho com o título original da obra: Prince Valiant in the Times of King Arthur) Retrato do autor-artista Harold Foster em 1947, quando em plena elaboração das aventuras do seu príncipe

Dedicado ao leit-motif do livro, nele se descreve o cruzar da existência da personagem e do criador, Harold Rudolf Foster (1892-1982), que dedicou uma parte substancial da sua vida ao herói que com ele se confunde.

A prancha inicial da fictícia saga medieva é datada de 13 de Fevereiro de 1937 - curiosamente, um sábado - quando se fica a saber (é o expert português a afirmá-lo) que a obra, a partir da décima sexta semana, passaria a ser publicada aos domingos, nos suplementos a que sempre nos referimos como "Sunday pages", isto é, suplementos dominicais. Caldas descreve tudo isto ao pormenor, inclusivamente dando informações pouco conhecidas da maioria dos leitores, mesmo aqueles que se assumem como plenamente Fosterianos.

Brevíssima ficha biográfica do editor: Manuel António Barbosa Caldas da Costa nasceu em Paredes de Coura a 6 de Agosto de 1959, mas vive na Póvoa de Varzim desde 1966. Foi editor do Nemo, valioso fanzine sobre banda desenhada, totalmente preenchido com estudos sobre a matéria.

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Foster e Val - Os Trabalhos e os Dias do Criador de "Prince Valiant"

Livro em encadernação brochada (softcover ou paper back, indicação destinada à geração que conhece melhor algumas especificações técnicas em inglês do que em português)

Formato 26,3x34cm - 128 páginas mais capa e contracapa com badanas

Edições Livros de Papel

Editor: M.C. - E-mail: mcaldas59@sapo.pt

Apartado 222

4490-909 Póvoa de Varzim

Data da edição: Dezembro de 2006

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"Post" remissivo:

Outros textos anteriores nesta rubrica Livros sobre BD - Os Meus Livros foram mostrados nas seguintes datas:

(II) - 2006, Junho 9 - Dicionário Zinho-Autor: A.J.Ferreira

(I) - 2005, Set. 29 - Roteiro Breve da BD em Portugal-Autor: Carlos Pessoa

quarta-feira, dezembro 20, 2006

BD portuguesa nos fanzines (VI) - Autores: Nuno Sarabando (desenho), Hugo Jesus (argumento)

Prancha inicial da banda desenhada Kull - O Fim, por Nuno Sarabando (desenho) e Hugo Jesus (argumento)


Excerto da 2ª prancha (metade inferior, composta por quatro vinhetas) de Kull - O Fim

Esta banda desenhada, tipo "pastiche", foi reproduzida no fanzine Tertúlia BDzine nº 109, de 19 deste mês de Dezembro, participando num conjunto de homenagens a Robert E. Howard, criador de várias personagens que acabaram por ser transformadas em "heróis" e "heroínas" da Banda Desenhada.

Os interessados em apreciar mais detalhes da citada banda desenhada podem fazê-lo visitando o blogue "Fanzines de Banda Desenhada", no endereço http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

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Acerca deste tema de "BD portuguesa nos fanzines", podem ser vistos neste blogue mais "posts" indo à coluna "Archives", visitáveis nas datas indicadas abaixo:

(I) Out.14 - Autores: Pedro Figue (desenho), Daniel Maia (arg.)
(II) Nov. 1 - Autores: Rui Lacas, Pepedelrey, J. Coelho, Pedro Nogueira, Renato Abreu
(III) Nov. 9 - Autores: Aires Melo (desenho), Daniel Maia (argumento)
(IV) Nov. 12 - Autor: José Lopes

Nota: Aos interessados em fanzines, alerta-se para o facto de haver, em relação a este chamado Barsowia (espanhol/galego), um "post" no blogue Fanzines de Banda Desenhada, acessível pelo endereço
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

terça-feira, dezembro 19, 2006

Tertúlia BD de Lisboa - Tertúlia de Natal/2006


Em conformidade com o critério estabelecido há já muitos anos
nos nossos encontros natalícios,
não há Homenageado nem Convidado Especial
***

Como decerto se recordarão todos quantos já alguma vez
participaram na Tertúlia BD de Lisboa,
na variante Tertúlia de Natal

(esta realizada sempre na terceira 3ª feira de Dezembro),

todos os participantes oferecem, para ser sorteada,
uma qualquer peça, considerada como prenda de Natal.

Logicamente, a oferta relaciona-se com a BD.

Ou seja: um álbum, uma revista, um fanzine.

Ou até qualquer objecto (emblema, miniatura, porta-chaves, t-shirt)
que reproduza personagens de banda desenhada.
Também são admitidos desenhos originais.
(Para esta última hipótese,
não são aceites desenhos improvisados "ao momento"
nas toalhas de papel.

Portanto, quem não tiver prenda para oferecer para o sorteio,
não participa nesta parte da confraternização bedéfila).
***
O sorteio colectivo das prendas contempla todos os participantes que, obviamente,
saem da tertúlia com uma peça diferente da que ofereceram.
***
Esta tertúlia de Natal realiza-se sempre em restaurantes diferentes,
englobando, como é natural, um jantar.

Para o efeito foi desta vez escolhido um restaurante
a que, por graça, chamo "Moulin Rouge" (o seu nome é "Moinho Vermelho")
onde se come bem, não é caro,
e oferece o conforto invulgar de uma sala no primeiro andar,
especial para grupos.

É lá que vão estar, entre as 20h e as 23h,
os 42 "tertulianos" que confirmaram a sua participação
nesta festa com que termina o ano "tertuliano" de 2006.

sábado, dezembro 16, 2006

Livrarias de Banda Desenhada (I) - Dr. Kartoon (ou Prof. Dr. Kartoon?), reabre em Coimbra

 
Sim, a inefável Fanny Denayer foi-se embora de Coimbra - para algures, talvez já esteja de novo na sua Bélgica -, deixando a livraria Dr. Kartoon (que ela abrira em Março de 1998) numa espécie de letargia. 

Isto, mais o fecho da sucursal da lisboeta BdMania que funcionava na "Lusa Atenas", fazia parecer que os bedéfilos coimbrões iriam ficar órfãos de espaços para a sua gostosa perdição. Assim não aconteceu.
Um grupo de gente que gosta, e sabe, de BD, tomou nas mãos a difícil tarefa de reerguer a Livraria Dr. Kartoon, especializada em BD, como bem sabe todo o culto povo bedéfilo portuga.

Um grupo de gente ? Quem, quantos, perguntará o visitante do blogue, cheio de curiosidade.
Pois foi isso que fiquei ontem a saber, em pormenor, ao jantar com três deles, o João Miguel Lameiras, o João Miguel Reis, e o Fernando Ferreira.

Faltou ao repasto o quarto elemento, o João (Dr. João III, visto que os dois outros Joões também são licenciados) Ramalho Santos, que vai estar hoje, dia 16, o mais tardar dentro de vinte minutos - a re-inauguração está prevista para as 16h - na festa Kartoonística.

Quem visitar agora este blogue não poderá ainda ver o folheto (ok, "flyer") de divulgação do evento, porque me esqueci dele na madrugada de ontem lá na livraria, onde toda a gente (os três "patrões" citados com a ajuda de dois amigos deles, a Teresa Ferreira e o João Barreira) trabalhava na arrumação, limpesa e trabalhinhos adjacentes.

Qualquer bedéfilo que venha a Coimbra, fica a saber que a Professor Doutor Kartoon - não, agora a sério, a Livraria Dr. Kartoon -, fica na rua da Manutenção Militar, uma ladeira difícil de subir, mas mais fácil de descer (donde é que copiei isto?), mesmo que carregado de livros de BD.
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Fui à abertura, estava animada a loja.

Voltei agora ao Espaço Internet (gratuito) da Câmara Municipal de Coimbra para actualizar o "post". Para falar, por exemplo, dos autores presentes.

Além de Luís Henriques e Rui Lacas (autores/artistas), estiveram João Ramalho Santos e João Miguel Lameiras, argumentistas, coimbrões (e, como já disse, participantes na sociedade que gere a livraria), e o J. Machado-Dias, também argumentista.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Castelos na Banda Desenhada (XVI) - Fictício - Autor: Richard Felton Outcault

Extraordinária prancha dupla que Richard Felton Outcault intitulou Around the World With the Yellow Kid, publicada no New York Journal em 14 de Fevereiro de 1897

No inglês macarrónico com que Outcault caricaturizava os imigrantes, numerosos de origem alemã, está escrito no letreiro afixado na torre do castelo:
"Dis is blarney kassel an its built of real rock - not sham rock (hows that)".

Havia já nessa época razões para esclarecer acerca da verdadeira matéria com que era construída a torre. Porque, com grande espanto meu, numa visita a S. Francisco, ao viajar numa estrada próxima, deparou-se-me uma visão insólita: as rochas que ladeavam a estrada, num certo local, eram de cartão pintado - esclarecimento que obtive de amigos americanos perante a minha estranheza com o aspecto algo artificial das ditas rochas.

A imagem que ilustra este "post" foi extraída do livro The Yellow Kid - A Centennial Celebration of the Kid who Started the Comics, editado pela Kitchen Sink Press, em 1995
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Acerca da personagem Yellow Kid há dois "posts" anteriores:
(1 de 2) Outubro, 25 "Balão de BD - O primeiro "balão de fala" na Banda Desenhada"
(2 de 2) Novembro, 19 " " " " " " " "

sábado, dezembro 09, 2006

BD portuguesa em jornais, e revistas não especializadas (L) - Revista "C" - Autores: Miguel Rocha e José Carlos Fernandes

Prancha inicial (1 de 2) da bd Os Congressistas, da autoria de Miguel Rocha (desenho) e José Carlos Fernandes (argumento)

Uma banda desenhada de índole satírica, que nos mostra um determinado género de pessoas alimentáveis por palavras, que sofregamente deglutem, e em seguida vão expelir, consoante as circustâncias aconselharem.

Foi distribuída em data recente o nº 11 da revista "C" (Centro Colombo), com data de Nov. 06. Como sempre tem acontecido em números anteriores, a revista (gratuita) inclui uma banda desenhada, a cores, em duas pranchas, da autoria da habitual e talentosa dupla composta por Miguel Rocha, na ilustração, e José Carlos Fernandes, no argumento.

Prancha final (2 de 2) da banda desenhada Os Congressistas
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"Post" remissivo
Em relação ao jornal Mundo Universitário, a publicação com mais BD portuguesa publicada ultimamente, a relação completa dos autores participantes pode ser consultada no "post" de Dez. 6.
Quanto aos "posts" englobando diferentes suportes (mas também alguns números do Mundo Universitário), estão reflectidos na lista abaixo:

Set.24 2006(XXXVII) Semanário Sol- Autor: Nuno Saraiva; Ag.9 (XXXVI) BDJornal-Autores: Filipe Andrade (desenho), Filipe Pina(argumento); Jun.17 (XXXV) Revista Ripa na Rapaqueca- João Ferreira; Jun.8 (XXXIV) Jornal Mundo Universitário-Autor: Estrompa; Maio 31 (XXXIII) Jornal Mundo Universitário - Autor: António Valjean; Maio 24 (XXXII) Jornal Mundo Universitário - Pedro Nogueira; Maio 16 (XXXI) Jornal Mundo Universitário - Ricardo Cabral (desenho), Jorge Cabral (argumento); Maio 12 (XXX)-Jornal Mundo Universitário - Pepedelrey; Maio 8 (XXIX)-Jornal Mundo Universitário - Zé Manel; Maio 6 (XXVIII)-Revista Motociclismo - Luís Pinto Coelho; Maio 4 (XXVII) - Jornal Mundo Universitário - J. Mascarenhas; Abril 23 (XXVI)-Revista Underworld - João Maio Pinto; Abril 23 (XXV)-Revista da Armada - Antunes; Abril 23 (XXIV)-Revista Louletano - Eduardo Teixeira Coelho; Abril 10 (XXIII)-Revista "C" - Miguel Rocha (desenho), José Carlos Fernandes (argumento); Abril,5 (XXII)-Jornal Mundo Universitário - Cheila; Abril 2 (XXI)-Revista Megajogos - Algarvio; Março 29 (XX)-Jornal Mundo Universitário - Pedro Manaças; Março 20 (XIX) Jornal Mundo Universitário - Joana Figueiredo; Março 13 (XVIII) Revista Kulto - Ana Freitas (desenho), Nuno Duarte (argumento);Março 3 (XVII) Revista Gente Jovem - Algarvio; Fev.25 (XVI) Revista Vega - Richard Câmara; Fev.18 (XV) Revista Periférica - Hugo Pena (desenho), Jorge Pedro Ferreira (argumento); Fev.14 (XIV) Jornal Mundo Universitário - Andreia Rechena; Fev.08 (XIII) Jornal Mundo Universitário - Derradé; Jan.16 (XII) Jornal Mundo Universitário - Pedro Alves
2006 (daqui para cima)

Dez.12 (XI) Jornal Mundo Universitário - Álvaro; Nov.29 (X) Lista com autores publicados até agora no jornal Mundo Universitário; Nov.24 (IX) Jornal Mundo Universitário - Luís Valente; Nov.15 (VIII) Jornal Mundo Universitário - Paulo Marques (desenho), Bruno Silva (argumento); Nov. 15 e 8 (VII) Semanário Blitz - João Maio Pinto (desenho), Esgar Acelerado (argumento); Out.28 (VI) Jornal Mundo Universitário - Fritz; Out.13 (V) Jornal Mundo Universitário - Francisco Sousa Lobo; Set.29 (IV) Jornal Mundo Universitário - José Lopes; Set.16 (III) Semanário Blitz - João Manuel Pinto (desenho), Esgar Acelerado (argumento); Ag.18 (II) BD Jornal - Maria João Careto; Jul.1 (I) Diário de Notícias - José Carlos Fernandes 2005 (daqui para cima)

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Mangá "made in" Portugal (IV) - Autora (desenho e argumento): Vanessa Nobre

Segunda prancha (2 de 4) da mangá Noeru, concebida e desenhada por Vanessa Nobre, uma jovem mangaka lusitana

Esta banda desenhada foi reproduzida no fanzine Tertúlia BDzine (nº 108, de 5 de Dezembro de 2006), distribuído gratuitamente, como sempre acontece, na Tertúlia BD de Lisboa

Penúltima prancha (3 de 4) da banda desenhada Noeru, realizada segundo o estilo da BD japonesa

Quem tiver interesse em ver as 1ª e última pranchas desta mangá, e assim poder aperceber-se da ficção imaginada pela autora/artista Vanessa Nobre, poderá fazê-lo no blogue Fanzines de Banda Desenhada, clicando no endereço

http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

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Post remissivo
Há outros textos sobre o tema Mangá "made in" Portugal:

2006
(II) Julho, 8 - Autores: Pedro Roxo Nogueira (desenho), Paula Cunha (argumento)
(I) Junho, 28 - Autores: Ana Freitas (desenho), Nuno Duarte (argumento)

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Banda Desenhada portuguesa em jornais (XLIX) - Jornal Mundo Universitário - Autora: Andreia Rechena

Prancha da banda desenhada com o curioso título A Rechena conta "Um interessante Serão 'avec moi', reproduzida no nº 52, de 4 de Dezembro, do semanário Mundo Universitário

Com esta banda desenhada fecha-se (transitoriamente), mais um ciclo de autores portugueses de BD apresentados entre 6 de Dezembro de 2004 e 4 de Dezembro de 2006 (dois anos de publicação ininterrupta, descontando apenas os períodos de férias).
Foram reproduzidos 42 episódios de bandas desenhadas autoconclusivas, numa só prancha, a cores, realizadas por 29 autores, numa panóplia de estilos diversificados, a constituir, sem sombra de dúvida, uma invulgar amostragem do universo de autores portugueses de BD em actividade, mesmo que, na maioria dos casos, esporádica.
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"Post" remissivo
Aos interessados em apreciar as respectivas obras expostas neste espaço bloguístico, aconselha-se verificar a data da "postagem" e clicar no respectivo mês na coluna Archives, aqui no lado esquerdo do visionador.

41. José Lopes [2ª vez] (M.U. nº 51) - "post" de Nov. 28
40. Pedro Alves [3ª vez] (M.U. nº 50) - "post" de Nov. 21
39. Nuno Saraiva (M.U. nº 49) - "post" de Nov. 14
38. Pedro Morais (M.U. nº 48) - "post" de Nov. 8
37. Ferrand, Ricardo (M.U. nº 47) - "post" de Out. 31
36. Algarvio [2ª vez] (M.U. nº 46) - "post" de Out. 24
35. Ricardo Cabral [3ª vez] - (M.U. nº 45) - "post" de Out. 17
34. Álvaro [3ª vez] (M.U. nº 44) - "post" de Out. 11
33. Pedro Massano (M.U. nº 43) - "post" de Out.5
32. Derradé [2ª vez] (M.U. nº 42) - "post" de Set.27
31. Estrompa (M.U. nº 41) - "post" de Jun.8
30. António Valjean (M.U. nº 40) - "post" de Maio,31
29. Pedro Nogueira (M.U. nº 39) - "post" de Maio, 24
28. Ricardo Cabral/desenho, Jorge Cabral/arg. [2ª vez] (M.U. nº 38) - "post" de Maio, 16
27. Pepedelrey [2ª vez] (M.U. nº 37) - "post" de Maio, 12
26. Zé Manel [2ª vez] (M.U. nº 36) - "post" de Maio, 8
25. J. Mascarenhas [2ª vez] (M.U. nº 35) - "post" de Maio, 4
24. Cheila (M.U. nº 34) - "post" de Abril,5
23. Pedro Manaças (M.U. nº 33) - "post" de Março, 29
22. Jucifer (Joana Figueiredo) (M.U. nº 32) - "post" de Março, 20
21. Rechena, Andreia) (M.U. nº 30) - "post" de Fev. 14
20. Derradé (M.U. nº 29) - "post" de Fev. 8
19. Pedro Alves [2ª vez ] (M.U. nº 28) - "post" de Jan. 19
18. Álvaro [2ª vez](M.U. nº 27) - "post" de 2005, Dez. 12
17. Luís Valente (M.U. nº 26) - "post" de 2005, Nov. 24
16. Paulo Marques/desenho, Bruno Silva/arg. (M.U. nº 25) - "post" de 2005, Nov.15
15. Fritz (M.U. nº 24) - "post" de 2005, Out. 28
14. Francisco Sousa Lobo (M.U. nº 23) - "post" de 2005, Out. 13

A partir daqui para cima, os "posts" incluem imagens das bandas desenhadas reproduzidas no jornal Mundo Universitário. Ei-las, por ordem cronológica ascendente.
Anteriormente foram editadas treze bedês que não aparecem reproduzidas no blogue. Aqui por baixo fica o registo dos respectivos autores (alguns deles já voltaram a ser publicados) e os nºs do M.U., para quem os quiser ver (na Biblioteca Nacional, ou na Hemeroteca, por exemplo):

13. José Lopes (M.U. nº 22)
12. Carlos Rocha (M.U. nº 21)
11. Kalika (M.U. nº 20)
10. Carlos Marques (M.U. nº 19)
9. Pepedelrey (M.U. nº 18)
8. J. Coelho (M.U. nº 17)
7. Zé Manel (M.U. nº 16)
6. Mota (M.U. nº 15)
5. Algarvio (M.U. nº14)
4. Ricardo Cabral/desenho, Jorge Cabral/argumento (M.U. nº 13)
3. J. Mascarenhas (M.U. nº 12)
2. Pedro Alves (M.U. nº 11)
1. Álvaro (M.U. nº 9)

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Audácia, revista com BD - 40 anos de vida, é obra!

Capa do nº 435 da revista Audácia, datado de Novembro de 2006, quando perfaz 4o anos de publicação ininterrupta

A revista Audácia não tem por finalidade publicar BD, mas dedica-lhe algumas das suas páginas, pelo que a classifico como "uma revista com Banda Desenhada", e não como "uma revista de Banda Desenhada" (como seria o caso de o seu conteúdo ser inteiramente direccionado para a publicação de bandas desenhadas).
 Índio Errante, uma lenda latino-americana, adaptada literariamente e desenhada por Aldegheri

Apesar desta limitação, a Audácia merece ser referenciada no universo editorial bedéfilo, muito em especial agora que acaba de festejar o seu 40º aniversário de publicação ininterrupta - uma existência invulgarmente longa para qualquer revista -, mas, mesmo assim, praticamente desconhecida de grande parte dos bedéfilos, naturalmente devido à quase inexistente distribuição pelos postos de venda tradicionais, ou quiçá afastados pela sua conotação religiosa, afinal só constatável por alguns artigos escritos pelos seus editores, missionários combonianos. 
Ora sendo eu indiferente à religião - a todas as confissões religiosas, considerando-me praticamente agnóstico -, não deixo de manifestar consideração por esta simpática revista de preço extremamente acessível (1€) que, nas suas actuais 68 páginas, reserva cerca de 20% para a BD.
Só é pena que, na componente bedéfila, não haja mais espaço para os autores nacionais.
Neste pormenor, entre os exemplares que possuo, no que se refere a capas, apenas encontro uma de autor português, Agonia Sampaio

 Capa realizada por Agonia Sampaio, talvez a única assinada por desenhador português

É dele também uma banda desenhada, nesse mesmo número, de que abaixo se reproduz a prancha inicial.
  "Um Milagre de Natal", banda desenhada da autoria (argumento e desenho) de Agonia Sampaio

Ainda de nacionalidade portuguesa é Ana Cristina, autora da bedê (ver abaixo) publicada no nº 315, datado de Dezembro de 1995.

"A Irmã Maria Susana e a Lepra", banda desenhada realizada por uma desconhecida Ana Cristina

Chega agora o momento de dizer como surgiu a oportunidade de conhecer alguns dos seus editores - padres católicos - que me forneceram vários números antigos.
Como aconteceu isso?
Na Tertúlia BD de Lisboa tenho organizado ciclos de homenagens, um dos quais, decorrido nos últimos anos da década de oitenta do século passado, teve por título "Editores, Directores, Directores Artísticos, Orientadores Gráficos, Responsáveis Gráficos, Chefes de Redacção e Coordenadores de Revistas de Banda Desenhada", onde couberam personalidades ligadas a quase todas as revistas de BD, desde o O Mosquito às Selecções BD, passando por numerosas publicações da especialidade, designadamente Cavaleiro Andante, Mundo de Aventuras, Tintin, Falcão, Jornal da BD, Visão, e muitas outras, incluindo a Audácia.

 Capa do nº 1, com data de Novembro de 1966, iniciada em muito pequeno formato (12,3x17,5cm)

Um dos homenageados, no que concerne a esta última, foi Carlos Neves Sobrinho, cujo nome aparece como editor no nº 1, datado de Novembro de 1966, e nessa categoria se mantendo até ao nº 108 de Dezembro de 1976 (informação dada pelo próprio). 
Em conversa que mantivemos nesse encontro da acima citada tertúlia, perguntei-lhe se ainda era possível adquirir os números iniciais da revista, que desejava conhecer melhor, e foi ele que me ofereceu um exemplar do primeiro editado.

Prancha da bd Homens Audazes, uma das duas reproduzidas

Aliás, foi devido ao facto de eu já possuir uns tantos exemplares - alguns comprados, por mera curiosidade, há muitos anos, outros encontrados em alfarrabistas, e até alguns números mais recentes, comprados numa livraria que se apresenta como Edições Paulinas (que não faço ideia o que seja...) com que deparei casualmente na rua Morais Soares, onde a Audácia (muito difícil de encontrar!), está à venda - que localizei os nomes de alguns dos directores daquela revista, e os pude incluir no ciclo da Tertúlia BD de Lisboa, que anteriormente mencionei. 


Uma bd que alerta para os falsos magos, tratada em registo humorístico, escrita e desenhada por Gigi Aldegheri, um dos autores que, nos números recentes, tem várias colaborações.

Apesar das características sui generis da editora da Audácia, não se pense que as bandas desenhadas impressas nas suas páginas estão muito conotadas com o espírito religioso. A impressão que ressalta, em análise numa amostragem reduzida - como a que eu fiz - é a de que as componentes humor, aventura, princípios ecológicos e de defesa de espécies animais em vias de extinção, são as que prevalecem.

Uma bd, com desenho de Arturo Arnau e argumento de António Árias,

O Comércio do Marfim, título que aponta para um tema onde se ataca o comércio ilegal do marfi,m e se faz a apologia da defesa dos animais em vias de extinção, como é o caso do elefante (de milhões que havia, estão reduzidos a 600 mil).



Ficha técnica
Audácia - revista com banda desenhada
Dimensões:

nº 1 - 12,3x17,5cm
nº 315 - 14,6x20cm
nº 435 - 17x24cm
Nº de páginas:
nº 1 -
nº 435 -
Tiragem:
nº 314 - 5.000 exemplares
nº 435 -
Preço:
nº 1 -
nº 435 - 1€

Director: Manuel Augusto Lopes Ferreira
Editor: Missionários Combonianos
Endereço: Calçada Eng. Miguel Pais, 9 / 1249-120 - Lisboa

terça-feira, novembro 28, 2006

BD portuguesa em jornais, e revistas não especializadas (XLVIII) - Jornal Mundo Universitário - Autor: José Lopes

Prancha da banda desenhada Do Outro Lado do Espelho, da autoria (argumento e desenho) de José Lopes

Pela segunda vez, este jovem autor apresenta uma ficção sequencial de características invulgares, tanto em grafismo como na estética da cor.
Neste jornal Mundo Universitário têm sido reproduzidas bandas desenhadas de numerosos autores portugueses, sempre em quadricromia. Isto significa um desafio (e uma corajosa aposta do M.U.) não muito frequente no panorama português da BD.
E representa igualmente a possibilidade de mostrar, aos jovens universitários (e, quem sabe, a alguns professores) um panorama bastante abrangente da existência de um numeroso e variado naipe de autores lusos de Banda Desenhada.
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"Post" remissivo
Os interessados em visionar bandas desenhadas publicadas anteriormente no jornal Mundo Universitário podem fazê-lo clicando na rubrica Archives, no respectivo mês, localizando em seguida o respectivo dia.
Poderão, assim, conhecer os autores já expostos ao longo de quase dois anos, e que são os seguintes:

40. Pedro Alves (M.U. nº 50) - "post" de Nov. 21
39. Nuno Saraiva (M.U. nº 49) - "post" de Nov. 14
38. Pedro Morais (M.U. nº 48) - "post" de Nov. 8
37. Ferrand, Ricardo (M.U. nº 47) - "post" de Out. 31
36. Algarvio [2ª vez] (M.U. nº 46) - "post" de Out. 24
35. Ricardo Cabral [3ª vez] - (M.U. nº 45) - "post" de Out. 17
34. Álvaro [3ª vez] (M.U. nº 44) - "post" de Out. 11
33. Pedro Massano (M.U. nº 43) - "post" de Out.5
32. Derradé [2ª vez] (M.U. nº 42) - "post" de Set.27
31. Estrompa (M.U. nº 41) - "post" de Jun.8
30. António Valjean (M.U. nº 40) - "post" de Maio,31
29. Pedro Nogueira (M.U. nº 39) - "post" de Maio, 24
28. Ricardo Cabral/desenho, Jorge Cabral/arg. [2ª vez] (M.U. nº 38) - "post" de Maio, 16
27. Pepedelrey [2ª vez] (M.U. nº 37) - "post" de Maio, 12
26. Zé Manel [2º vez] (M.U. nº 36) - "post" de Maio, 8
25. J. Mascarenhas [2ª vez] (M.U. nº 35) - "post" de Maio, 4
24. Cheila (M.U. nº 34) - "post" de Abril,5
23. Pedro Manaças (M.U. nº 33) - "post" de Março, 29
22. Jucifer (Joana Figueiredo) (M.U. nº 32) - "post" de Março, 20
21. Rechena, Andreia) (M.U. nº 30) - "post" de Fev. 14
20. Derradé (M.U. nº 29) - "post" de Fev. 8
19. Pedro Alves [2ª vez ] (M.U. nº 28) - "post" de Jan. 19
18. Álvaro [2ª vez](M.U. nº 27) - "post" de 2005, Dez. 12
17. Luís Valente (M.U. nº 26) - "post" de 2005, Nov. 24
16. Paulo Marques/desenho, Bruno Silva/arg. (M.U. nº 25) - "post" de 2005, Nov.15
15. Fritz (M.U. nº 24) - "post" de 2005, Out. 28
14. Francisco Sousa Lobo (M.U. nº 23) - "post" de 2005, Out. 13

A partir daqui para cima, os "posts" incluem imagens das bandas desenhadas reproduzidas no jornal Mundo Universitário. Ei-las, por ordem cronológica ascendente.

Anteriormente foram editadas treze bedês que, por não me ter ainda ocorrido esta ideia, não aparecem reproduzidas no blogue. Aqui por baixo fica o registo dos respectivos autores (alguns deles já voltaram a ser publicados) e nºs do M.U., para quem as quiser ver (na Biblioteca Nacional, por exemplo):
1. Álvaro (M.U. nº 9) 2. Pedro Alves (M.U. nº 11) 3. J. Mascarenhas (M.U. nº 12) 4. Ricardo Cabral/desenho, Jorge Cabral/argumento (M.U. nº 13) 5. Algarvio (M.U. nº14) 6. Mota (M.U. nº 15) 7. Zé Manel (M.U. nº 16) 8. J. Coelho (M.U. nº 17) 9. Pepedelrey (M.U. nº 18) 10. Carlos Marques (M.U. nº 19) 11. Kalika (M.U. nº 20) 12. Carlos Rocha (M.U. nº 21) 13. José Lopes (M.U. nº 22)

domingo, novembro 26, 2006

Visão (1975/76), revista de Banda Desenhada portuguesa (X) - Falando hoje com... Nuno Amorim

Prancha inicial da banda desenhada "Jim'Tómic", da autoria (argumento e desenho) de Nuno Amorim, reproduzida na revista de BD Visão (nº 8, de 10 Nov. 1975)

Nuno Amorim é outro dos autores de Banda Desenhada que reputo ser imprescindível focar, quando se pretenda falar da extinta revista Visão, de qualidade marcante mas de vida efémera, editada entre Abril de 1975 e Maio de 1976.

Esse autor ainda desconhecido, que viria a ser um dos colaboradores da novel publicação, tinha nascido em Lisboa a 9 de Abril de 1952, e recebera o nome de Nuno José Rosa Fernandes Amorim.

  
Licenciar-se-ia em Arquitectura, na ESBAL-Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (actual FBAUL-Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa), e, a meio das funções que começara a exercer em 1973, num atelier de arquitectos, surgir-lhe-ia a possibilidade de fazer BD na dita revista Visão, quando ela atingia o seu número sete. Passava-se isto em Outubro de 1975.

Debutaria assim o jovem Nuno nessa invulgar e importante publicação, dedicada essencialmente à divulgação de novos autores portugueses, onde reessaltaram os nomes de Victor Mesquita, Pedro Massano, Isabel Lobinho, Zé Paulo, Carlos Barradas, Corujo Zíngaro, Duarte, Zepe e, naturalmente, Nuno Amorim, o entrevistado de hoje.


Outra das pranchas da banda desenhada "Jim'Tómic", a única de Nuno Amorim publicada em quadricromia

G.L.- Para ti, o que significou o aparecimento da revista Visão?
Nuno Amorim - Foi a possibilidade de editar bandas desenhadas com qualidade e bem impressas, e com boa distribuição.

G.L.- Dizes isso porque já conhecias a revista, visto que entraste a meio...
N.A.- Na fase em que eu entrei tinha havido uma mudança editorial que tornou a coisa mais interessante para mim. Aliás, eu entrei em resultado dessa mudança.

G.L.- Em Abril de 1975, fazias nesse mês vinte e três anos, ainda estudavas, ou já estavas a trabalhar?
N.A.- Já trabalhava. Trabalhava como arquitecto, num ateliê de arquitectura, onde estava desde 1973.

G.L.- Quando conheceste a revista Visão, já tinhas bandas desenhadas feitas, e alguma publicada?
N.A.-Sim, já tinha publicado num jornal semanal de Música, chamada Musicalíssimo. Fiz lá uma série chamada "Skeleton", aí uns doze episódios.

G.L.- Como é que surgiu a oportunidade de colaborares na Visão?
N.A.- Não sei, não me lembro, sei que alguém falou comigo, e eu fui lá à redacção, já não me lembro onde era.


Prancha da banda desenhada "Interlúdio - Não pare, não escute, não olhe", a primeira de Nuno Amorim publicada na Visão (nº 7, 10 Out. 1975)

G.L.- O tema das bedês com que colaboraste foi-te sugerido, ou aceitaram tudo o que apresentaste?
N.A.- Havia umas reuniões em que se combinava tratar um tema. Mas eu, quando comecei, levei umas bandas desenhadas, que aceitaram.
Só fiz, para a Visão, umas três ou quatro, uma delas intitulada "Não pare, não escute, não olhe", e outra com o título "Jim'Tómic".


Prancha inicial da banda desenhada "A Lição de História" (in Visão nº 9, de 20 Jan.1976)

G.L.- Que fizeste em BD depois de Maio de 1976, data do fim da Visão?
N.A.- Havia um jornal em que estava o Zepe (que tinha conhecido na Visão, e de quem tinha ficado amigo), chamado Pé-de-Cabra, feito ao modelo do Charlie Hebdo.

G.L.- O que é que fizeste para lá?
N.A.- Não me lembro. Sei que fiz para lá uns desenhos, mas não me lembro o que era.

G.L.- Em vez de BD, o que é que tens feito para ganhar a vida?
N.A.- Trabalhei na publicidade, e também na RTP como gráfico. Agora tenho uma produtora de filmes, a Animais, em que faço, sobretudo, Animação.

G.L.- Então e a Arquitectura?
N.A.- Arquitectura tenho feito só para mim e para amigos. Recuperei três montes no Alentejo, dois deles para mim, outro para um amigo.

G.L.- Há algum projecto de BD que estejas a realizar, ou que gostasses de concretizar, num futuro mais ou menos próximo?
N.A.- Não estou a ver, sinceramente não estou a ver. A vida está tão difícil, e não acredito que a BD seja rentável.


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"Posts" remissivos sobre a revista VISÃO (de Banda Desenhada)
 

2ª Parte - Entrevistas a autores-artistas da revista
(IX) Setembro, 12 - Duarte
(VIII) Julho, 9 - Carlos Barradas
(VII) Junho, 30 - Zé Paulo
(VI) Junho, 15 - Corujo Zíngaro
(V) Junho, 13 - Isabel Lobinho
(IV) Maio, 31- Pedro Massano
(III) Maio, 30-Victor Mesquita 2006

1ª Parte - Textos generalistas acerca da revista:
(II) Dezembro, 11 - (I) Dezembro, 10
2005 (ver acima)

Há ainda outro "post" (data: Junho 19), esse dedicado ao tema Lisboa na Banda Desenhada, em que se podem observar duas imagens (óptimas, vale a pena vê-las) da autoria de Zé Paulo, ambas extraídas da revista Visão

sexta-feira, novembro 24, 2006

BD portuguesa nos fanzines (V) - Autor: Paulo Monteiro

Prancha inicial (1 de 4) da banda desenhada apresentada sob o bonito título Irei ver a amada, da autoria (argumento e desenho) de Paulo Monteiro.(*)

Esta banda desenhada, em quatro pranchas, faz parte do conteúdo do nº 8 do fanzine Barsowia, classificado como Melhor fanzine de 2005, no XXIV Saló Internacional del Comic de Barcelona.

(*) Paulo Monteiro - crítico e ensaísta de banda desenhada, faneditor, ilustrador, autor de banda desenhada, e responsável pela criação e organização do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja

Última prancha da bd Irei ver a Amada. Em fundo, uma vista urbana de Beja, com a torre de menagem do castelo
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"Post" remissivo

Há outros textos relacionados com este tema, indo à coluna "Archives", visitáveis nas datas indicadas abaixo:

(I) Out.14 - Autores: Pedro Figue (desenho), Daniel Maia (arg.)
(II) Nov. 1 - Autores: Rui Lacas, Pepedelrey, J. Coelho, Pedro Nogueira, Renato Abreu
(III) Nov. 9 - Autores: Aires Melo (desenho), Daniel Maia (argumento)
(IV) Nov. 12 - Autor: José Lopes

Nota: Aos interessados em fanzines, alerta-se para o facto de haver, em relação a este chamado Barsowia (espanhol/galego), um "post" no blogue Fanzines de Banda Desenhada, acessível pelo endereço http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com

terça-feira, novembro 21, 2006

BD portuguesa em jornais, e revistas não especializadas (XLVII) - Jornal Mundo Universitário - Autor: Pedro Alves

Prancha da autoria (argumento e desenho) de Pedro Alves

Esta semana, numa Universidade perto do caro amigo visitante deste blogue, está disponível, gratuitamente, o nº 50 do jornal Mundo Universitário, um periódico semanal que está a divulgar bandas desenhadas de variadas tendências, tanto BD tipo "mainstream" como tipo "alternativa".

Pelos nomes dos autores poder-se-á comprovar essa abrangência. Eis a lista de autores publicados no jornal (agora semanário) Mundo Universitário,
desde o seu nº 9, de 6 de Dezembro de 2004,
por iniciativa deste bloguista, avalizada pelos responsáveis daquele jornal:

39. Nuno Saraiva (M.U. nº 49) - "post" de Nov. 14
38. Pedro Morais (M.U. nº 48) - "post" de Nov. 8
37. Ferrand, Ricardo (M.U. nº 47) - "post" de Out. 31
36. Algarvio [2ª vez] (M.U. nº 46) - "post" de Out. 24
35. Ricardo Cabral [3ª vez] - (M.U. nº 45) - "post" de Out. 17
34. Álvaro [3ª vez] (M.U. nº 44) - "post" de Out. 11
33. Pedro Massano (M.U. nº 43) - "post" de Out.5
32. Derradé [2ª vez] (M.U. nº 42) - "post" de Set.27
31. Estrompa (M.U. nº 41) - "post" de Jun.8
30. António Valjean (M.U. nº 40) - "post" de Maio,31
29. Pedro Nogueira (M.U. nº 39) - "post" de Maio, 24
28. Ricardo Cabral/desenho, Jorge Cabral/arg. [2ª vez] (M.U. nº 38) - "post" de Maio, 16
27. Pepedelrey [2ª vez] (M.U. nº 37) - "post" de Maio, 12
26. Zé Manel [2º vez] (M.U. nº 36) - "post" de Maio, 8
25. J. Mascarenhas [2ª vez] (M.U. nº 35) - "post" de Maio, 4
24. Cheila (M.U. nº 34) - "post" de Abril,5
23. Pedro Manaças (M.U. nº 33) - "post" de Março, 29
22. Jucifer (Joana Figueiredo) (M.U. nº 32) - "post" de Março, 20
21. Rechena, Andreia) (M.U. nº 30) - "post" de Fev. 14
20. Derradé (M.U. nº 29) - "post" de Fev. 8
19. Pedro Alves [2ª vez ] (M.U. nº 28) - "post" de Jan. 19
18. Álvaro [2ª vez](M.U. nº 27) - "post" de 2005, Dez. 12
17. Luís Valente (M.U. nº 26) - "post" de 2005, Nov. 24
16. Paulo Marques/desenho, Bruno Silva/arg. (M.U. nº 25) - "post" de 2005, Nov.15
15. Fritz (M.U. nº 24) - "post" de 2005, Out. 28
14. Francisco Sousa Lobo (M.U. nº 23) - "post" de 2005, Out. 13

A partir daqui para cima, os "posts" incluem imagem da banda desenhada reproduzida no jornal Mundo Universitário.
Quem as quiser ver basta-lhe ir à coluna Archives e clicar no respectivo mês.

Por ordem cronológica:
1. Álvaro (M.U. nº 9) 2. Pedro Alves (M.U. nº 11) 3. J. Mascarenhas (M.U. nº 12) 4. Ricardo Cabral/desenho, Jorge Cabral/argumento (M.U. nº 13) 5. Algarvio (M.U. nº14) 6. Mota (M.U. nº 15) 7. Zé Manel (M.U. nº 16) 8. J. Coelho (M.U. nº 17) 9. Pepedelrey (M.U. nº 18) 10. Carlos Marques (M.U. nº 19) 11. Kalika (M.U. nº 20) 12. Carlos Rocha (M.U. nº 21) 13. José Lopes (M.U. nº 22)

domingo, novembro 19, 2006

Balão de BD - O 1º "balão de fala" na Banda Desenhada, no YELLOW KID, de Richard Felton Outcault, no dia 25 de Outubro de 1896 (2 de 2)

Pormenor do episódio The Yellow Kid and his new phonograph, impresso no New York Journal, datado de 25 de Outubro de 1896
(A prancha está totalmente reproduzida neste blogue, no "post" com data do passado dia 25 de Outubro, cento e dez anos após a publicação original)

É nesta "sunday page", isto é, página dominical, datada de 25 de Outubro de 1896, reproduzida no New York Journal, que, pela primeira vez (na BD) o protagonista da sequência figurativa fala através de um "balão".
The Yellow Kid takes a hand at golf, assim se titula a prancha reproduzida na página dominical do New York Journal, datado de 24 de Outubro de 1897.

Passou-se um ano menos um dia, após o uso do balão de fala na boca do Yellow Kid. Como se depreende, foi um facto visual perfeitamente esporádico: na prancha que acima se reproduz, o único ser falante (através do "balão") é o papagaio, continuando o "puto amarelo" a expressar-se por falas mostradas no bibe.
Prancha publicada na "sunday page" do jornal American Examiner de 7.Julho.1907.
Intitula-se The Yellow Kid. He meets Tige and Mary Jane and.
A frase é completada pela imagem de outro miúdo chamado Buster Brown.

Quando, finalmente, o autor das personagens Yellow Kid e Buster Brown, usa sistematicamente, numa prancha desta última personagem - o miúdo Buster Brown - o "balão de fala da BD", já se passaram quase onze anos.
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O presente "post" representa a parte "2 de 2" do inicial afixado em 25 de Outubro passado, cento e dez anos após o aparecimento do primeiro balão na BD impressa, ou susceptível de o ser, e publicada (*)

Esta expressão termo "impressa, ou susceptível de o ser, e publicada" fica já aqui como resposta a todos os especialistas (alô Silvares) que sabem da existência das filacteras, antepassadas dos "balões de fala da banda desenhada", aparecidas em ícones religiosos e até gravuras de artistas (Hogarth e Rowland, cito de cor, foram pioneiros nessa área).
Mas há que atender ao consenso a que se chegou, internacionalmente, de apenas considerar Banda Desenhada, ou Figuração Narrativa, as obras impressas, ou susceptíveis de o ser (a BD em baixo relevo na Coluna de Trajano não pode ser impressa) e publicadas (desta forma espalhadas, vendidas ou oferecidas, publicamente).

Chegado aqui, acho que se proporciona reproduzir um texto que escrevi como resposta um inquérito sobre esta obra "The Yellow Kid", em que se punha a questão de se considerar esta obra, e esta data. como sendo o início da Banda Desenhada.

Quem estiver com pachorra para ler um texto mais extenso do que o habitual na maioria dos blogues (excepto aqueles, excelentes, onde escrevem os meus pares Pedro Vieira de Moura
(Ler BD - http://lerbd.blogspot.com)
e Sara Figueiredo Costa
(Beco das Imagens - http://becodasimagens.blogspot.com ),
é favor fazer "scroll down".
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"100 anos de BD: Yes ou Non" (1)
(Inquérito realizado pela extinta Associação do Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto-ASIBDP, em 1996, cem anos após o aparecimento do "balão da BD").

Perguntas:
1ª - Concorda com a data escolhida para comemorar os 100 anos do nascimento da BD, coincidente com apublicação de The Yellow Kid, de Richard F. Outcault? Porquê?
2ª - Acha importante as comemorações dos 100 anos da Banda Desenhada? Porquê?
3ª - Destaque os três momentos que considera mais importantes na História da Banda Desenhada.

As minhas respostas:
1ª - Não concordo.
Reconheço que o Yellow Kid constituiu valiosa contribuição para a divulgação da banda desenhada, visto que a sua publicação nos jornais americanos permitiu atingir camadas vastas e etariamente heterogéneas de leitores. Mas considero ter sido uma decisão artificial e forçada a escolha dessa obra e, por inerência, a respectiva data, para marcar o nascimento da BD.
Porque o processo para se chegar a tal decisão é pouco conhecido, apesar de histórico no âmbito da banda desenhada, julgo imprescindível saber-se quem a tomou, onde, e quando.
Em 1989 reuniu-se em Lucca, Itália, um grupo de especialistas na matéria, expressamente convidados para o efeito. Foram eles:
Álvaro de Moya (Brasil), Claude Moliterni (França), Claude Bertieri (Itália), David Pascal (Estados Unidos da América), Denis Gifford (Inglaterra), Javier Coma (Espanha), Luís Gasca (Espanha), Maurice Horn (E.U.A.), Richard Marschall (E.U.A.), Rinaldo Traini (Itália) e Vasco Granja (Portugal).
Por informação pessoal de Vasco Granja (que inicialmente defendeu os Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro sobre a Picaresca Viagem do Imperador do Rasilb pela Europa) e de Claude Moliterni, na votação final apenas Denis Gifford votou contra o Yellow Kid, defendendo inabalavelmente Ally Slopper, personagem pioneira da BD inglesa.
Ficou portanto decidido, por maioria, que The Yellow Kid passaria a ser a origem histórica da banda desenhada, por ter sido a primeira obra a integrar balões, cumprindo dessa forma todos os requisitos por ele exigidos.
Assim passou a constar, ad eternum, que a BD apenas existe desde 1896, data em que as falas daquela personagem começaram a ser sistematicamente inseridas em filacteras, popularmente designadas por balões.
É muito controverso um purismo deste tipo. Tanto mais que, em dezenas de definições de banda desenhada, elaboradas por estudiosos tão credenciados quanto os de Lucca, não existe nenhuma que indique obrigatoriedade do balão.
Obrigatória tem sido a exigência de existir sequência nas imagens, e serem publicadas (ou susceptíveis de o ser).
A considerar-se o balão como elemento absolutamente indispensável, muitas obras de qualidade deixariam de poder considerar-se bandas desenhadas. Como, por exemplo, o Príncipe Valente. Além disso, seria tão absurdo como se, no que concerne ao Cinema, nos quisessem impor o conceito de que a sua origem seria datada a partir do primeiro filme sonoro.

2ª- Não.
Porque não considero que a banda desenhada tenha passado a existir apenas em 1896.

3ª -
Primeiro:
O ano de 1827, quando o professor, escritor e pintor suiço Rodolphe Töpffer realizou, para os seus alunos, a sua primeira histoire en estampes, intitulada Histoire de M. Vieux Bois. Trata-se, indubitavelmente, da primeira banda desenhada. (Ainda não fora impressa nesse ano, mas era susceptível de o ser, e foi-o, em álbum, em 1837, sob o título Les Amours de M. Vieux Bois.

Segundo:
O ano de 1833, quando, pela primeira vez, foi publicada uma banda desenhada. Intitulou-se Histoire de M. Jabot, era também da autoria de Töpffer, e foi editada sob a forma de álbum.
Terceiro:
O aparecimento do balão na boca do Yellow Kid, em 25 de Outubro de 1896.
Foi isso no episódio The Yellow Kid and his new phonograph. E, por coincidência, é aí que pela primeira vez nesta obra, aparecem imagens em sequência, como é obrigatório na linguagem visual da banda desenhada.

Geraldes Lino

(1) - Esta resposta foi uma das várias publicadas no fanzine QUADRADO (nº 3 - Out. 96) pela ASIBDP.´
Todavia, apareceu bastante truncada, alegadamente devido ao facto de uma passagem do texto (onde se nomeiam as personalidades que decidiram qual foi a primeira banda desenhada, onde e quando isso aconteceu) coincidir nesse ponto com a de Manuel Caldas, estudioso de Póvoa de Varzim, enviada anteriormente.
Considerando discutível (no mínimo) qualquer amputação num texto de outrem, sejam quais forem os motivos invocados, e bastante deselegante o facto de não esclarecerem os leitores das razões dos cortes explicitamente assinalados, reproduzi o texto naíntegra no meu fanzine Tertúlia BDzine, nº 8, Janeiro de 1997.

sábado, novembro 18, 2006

Jovens Criadores 2006 - Exposição multidisciplinar no Montijo

Cartaz do evento


Uma faixa no interior do edifício de antiga fábrica desactivada, com a indicação das artes expostas

Como acontece desde há muitos anos, está em andamento o evento baptizado por Jovens Criadores 2006.
Trata-se de organização conjunta das seguintes entidades: CPAI-Clube Português de Artes e Ideias (uma associação privada), IPJ-Instituto Português da Juventude e Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto.

Também, como sucede anualmente, o local escolhido para esta mostra multidisciplinar mudou. A cidade do Montijo foi, desta vez, a seleccionada para acolher os Jovens Criadores, havendo dois espaços a albergar as suas obras:
1. Tobom (Antiga Fábrica Tobom, um grande e velho edfício, com um interior impressionante, cheio de salas e recantos inesperados), na Praça da República;
2. Cine-Teatro Joaquim d'Almeida, na rua homónima.
Um ângulo da exposição de BD, composta pelas pranchas das quatro bandas desenhadas seleccionadas.

A mostra, heterogénea, abarca várias formas de arte. A saber:
1. Artes Plásticas
2. Banda Desenhada
3. Ciber Arte
4. Dança
5. Design de Equipamento
6. Design Gráfico
7. Fotografia
8. Ilustração
9. Joalharia
10.Literatura
11.Moda
12.Música
13.Vídeo

Nota: Por vezes, há alguns jovens que, em conversa comigo, se lamentam:
"Há pouca consideração pela Banda Desenhada, as pessoas dizem que isso é coisa para crianças".
E eu costumo responder:
"As pessoas com mais cultura não dizem isso, e consideram uma arte, ao nível de todas as outras".
Aqui está mais uma prova - e há muitos anos que assim é: no concurso organizado pelo Clube Português de Artes e Ideias, a BD lá está representada, em pé de igualdade com todas as outras artes.
Prancha da autoria de Lucas Almeida, pertencente ao episódio intitulado (com muita graça e ironia) O Jovem Queria Dor

A Banda Desenhada (afinal, é disso que estamos a falar) está representada por:
1. Lucas Almeida
2. Pedro Vieira
3. Pamorim (Pedro?Paulo? Amorim, depreende-se)
4. Ana Madureira

Lucas Almeida já foi focado, através do seu fanzine O Hábito Faz o Monstro, num "post" datado de Maio, 23, no meu outro blogue, o Fanzines de Banda Desenhada (http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com)
Os outros autores (ainda) não conheço.

A mostra, iniciada no dia 15 deste mês de Novembro, estará patente até 15 de Dezembro, entre as 14h e as 20h.
Encerra à 2ª feira.
Mais informações pelos tm 96 378 40 47 e 91 486 74 32