domingo, julho 31, 2005

Tertúlia BD de Lisboa (I) - O que é, como funciona.

Realiza-se na próxima 3ª feira, dia 2 de Agosto, o 248º encontro da Tertúlia BD de Lisboa.
Claro que já não há tertúlias como no século XIX, dei~lhe este nome pq há dois pormenores que lhe dão semelhança com as antigas:
Primo: toda a gente que lá vai tem de ter um factor em comum, o gosto pela Banda Desenhada. Secondo: Na parte final, com o Homenageado e/ou Convidado Especial, após a sua apresentação pessoal, estabelece-se diálogo, com perguntas efectuadas pelos tertulianos; e, consoante o espírito de comunicabilidade do autor/artista, a conversa pode constituir (ou não) um momento de bastante interesse.
E embora não haja a pretensão de apenas se falar de BD, ela acaba por estar sempre presente, em especial através de um sorteio de revistas, actuais ou antigas, e álbuns, momento de bastante interactividade, porque há uma espécie de trocas que permite chegar às mãos dos participantes veteranos, revistas de "comics" ou "mangás", e dos mais novos, exemplares de revistas antigas que nunca antes tinham visto.

A Tertúlia BD de Lisboa é uma associação informal, visto que funciona sem existência oficializada, não tem estatutos nem corpos gerentes, não há associados nem pagamento de quotas. Por que razão se chama tertúlia? Porque os seus participantes têm uma coisa em comum que os une, o gosto pela Banda Desenhada, e é com a finalidade de falar dela e prestarem homenagens a autores que se deslocam ali de propósito para receberem o galardão em forma de diploma (e dessa forma os "tertulianos" contactam com eles pessoalmente) que se reúnem.

A Tertúlia BD de Lisboa fez 20 anos em Junho, entrou portanto há pouco no 21º ano de existência. Os encontros da tertúlia são mensais – sempre na primeira 3ª feira de cada mês –, e têm lugar num restaurante do Parque Mayer. Sim, leram bem. Porque, embora haja bastante gente, incluindo até muitos lisboetas, convencida que aquele emblemático local, actualmente em avançada degradação, já está fechado, a verdade é que ainda lá estão a funcionar três restaurantes e um teatro de revista.

Mas voltando à tertúlia: esses encontros que, repito, se mantêm mensalmente sem nunca falhar, há vinte anos, contam permanentemente com a participação de quarenta a cinquenta pessoas, abrangendo vários escalões etários, visto que, como o prova a realidade, a banda desenhada é para leitores dos 7 aos 77. Repetindo o que já disse antes, o traço de união entre quem vai à tertúlia é a Banda Desenhada, a BD, a bedê, daí que só lá tenha aceitação quem seja bedéfilo (não é indispensável ser-se especialista, mas é condição "sine qua non" ter consideração pela arte sequencial). Os numerosos bedéfilos que participaram até hoje, ao todo umas largas centenas, não são sempre os mesmos – há quase todos os meses duas ou três pessoas que lá vão pela primeira vez, e há outras que vão de tempos a tempos – mas existe um "núcleo duro", de cerca de vinte, de quase impecável assiduidade, além da presença praticamente sem falhas do fundador da tertúlia e seu organizador mensal, o bloguista (ou "blogger") que aqui escreve. Esse conjunto não fixo de bedéfilos abarca todas as áreas da BD: autores (desenhadores e argumentistas), editores, estudiosos, críticos, divulgadores, jornalistas, coleccionadores, fanzinistas, e "last but not the least", simples leitores.

A tertúlia inicia-se às 20 horas e termina sempre três horas e picos mais tarde. Divide-se em três partes: 1) jantar; 2) sorteio de BD; 3) homenagem a um autor consagrado ou veterano com obra realizada há muitos anos, e incentivo a um autor mais novo.

Começa-se pelo jantar (uma opção estratégica, pois não haveria hipótese de conseguir a permanência de tantas pessoas, durante três horas, se não estivessem sentados a uma mesa, mas, note-se, nem toda a gente janta lá, há gente mais jovem que quando lá chega já comeu uma sandocha ou assim:), que decorre entre as oito horas e as nove e meia. Saliente-se o pormenor importante, em termos económicos, de o pagamento ser individual. Outro aspecto a relevar: o restaurante fica totalmente reservado, naquele dia, para os "tertulianos"; e, por causa da tertúlia, abre sempre, mesmo que a primeira terça feira do mês calhe num feriado!

A 2ª parte, bastante animada, compõe-se de um sorteio de peças de banda desenhada, oferecidas pelos próprios participantes, que engloba álbuns, revistas (portuguesas e estrangeiras, actuais e antigas, fanzines e desenhos originais, incluindo os que são oferecidos pelos Homenageado e Convidado Especial. Este sorteio tem duas finalidades principais: pôr toda a gente a mexer em peças de BD, as mais variadas, o que suscita o desenvolvimento de conversas sobre o assunto, tanto mais que, muitas vezes, a revista antiga que sai a um jovem constitui para ele autêntica surpresa, outras vezes sai ao bedéfilo veterano um fanzine algo desconcertante, em ambos os casos peças que nunca teriam tido oportunidade de conhecer.

Outra faceta importante deste sorteio é a possibilidade de as pessoas se conhecerem. Porque, se ao participante X sai uma peça oferecida por um benemérito Y, e eles não se conheciam, ao deslocar-se o premiado até junto do ofertante para que este lhe entregue a peça, está criada a oportunidade de terem assunto de conversa na tertúlia seguinte.
Mas a finalidade principal que justifica a existência da tertúlia e a razão pela qual foi fundada – sei bem do que estou a falar J – é a de homenagear um autor consagrado , ou até com escassa obra mas já com suficiente veterania, e prestar incentivo a autor jovem ou relativamente novo, mas com obra ainda escassa, que é classificado como Convidado Especial, dando-lhe assim um primeiro destaque público.

Na tertúlia de hoje estará presente, como Homenageado, um autor veterano, Vasco San-Payo, que fez bandas desenhadas na revista "Camarada", nos anos 1949 e 1950. E o Convidado Especial será Alex Gaspar, autor representado em diversas publicações, designadamente "O Fiel Inimigo", "Coice de Mula", Informal (revista da Associação Académica de Lisboa), Diário de Leiria e Jornal de Leiria.

Alguém que leia este "post", seja apreciador de BD (condição "sine qua non") e esteja interessado em participar na próxima tertúlia de Setembro, no dia 6, primeira terça feira do mês, pode escrever para (não quero divulgar publicamente o meu email): Apartado 50273 – 1707-001 Lisboa. Ou, noutra hipótese, se preferir deixar um comentário no blogue com esses elementos a facilitar o contacto, pode crer que eu próprio lhe telefonarei a convidá-lo para participar na tertúlia.

terça-feira, julho 26, 2005

Concurso BD de Moura - Aditamento

No "post" anterior, referente ao Concurso de Banda Desenhada que está a ser organizado pela autarquia de Moura, que funciona como preparação para o respectivo Festival de BD, esqueci-me (mea culpa) de indicar um pormenor muito importante para os concorrentes: o tema é LIVRE!

domingo, julho 24, 2005

Concurso BD de Moura: sem limite de idade

De que eu tenha tido conhecimento, este é o terceiro concurso dedicado no corrente ano à banda desenhada, e dos méritos e deméritos específicos deste tipo de iniciativas, e tb das minhas bastante numerosas participações nos ditos cujos concursos (um momento: só a nível de elemento de júris, e é um pau:), falarei noutro dia. O que me traz agora ao blogue tem a ver com as mesmas razões desde há umas decadazitas no que à BD se refere: valorizá-la, divulgá-la. Por tudo quanto é sítio, mostrar aos menos atentos, ou com menos acesso à informação que, por vezes só chega a círculos restritos e/ou especializados. Como, se calhar, acaba por acontecer tb com os blogues, com este blogue, hélas, provavelmente quase só visto por outros bloguistas (bloggers, se preferirem...). Mas isso são outras conversas, que podem ficar para diferentes núpcias. Por agora, vou avançar para o assunto propriamente dito, neste caso o regulamento (embora resumido) do:
13º Concurso de Banda Desenhada e "Cartoon". Moura 2005
Para começar, o destaque que já fiz no título do "post": Neste concurso apoiado por uma autarquia alentejana, podem concorrer pessoas de todas as idades, com apenas duas divisões: o escalão etário A, para os que, à data limite de entrega das obras, tenham entre 13 e 25 anos; e o escalão B, para quem, à data limite de entrega, tenha 26 anos ou mais. Ora isto quer dizer que qualquer mortal, com jeito para banda-desenhar, e que nunca tenha tido antes oportunidade de mostrar os seus dotes, está perfeitamente a tempo de o fazer! É democrático ou não?
Mais pormenores: cada concorrente pode enviar um máximo de 5 trabalhos originais (isto para os cartunes e tiras de BD dá muito jeito) e inéditos. Portanto, fica claro q a organização não aceita cópias, mesmo a cores. As pranchas podem ser feitas nos formatos A4 ou A3. Quando apresentadas em suporte digital, devem ser enviadas em formato TIFF ou JPFG, acompanhadas de um "print" de boa qualidade. As pranchas têm de ser identificadas no verso (atenção: na parte de trás, muitos concorrentes enganam-se e põem o nome na frente, sei do que estou a falar) com o nome, morada e contacto telefónico.
Já dei uma ideia das modalidades aceites, mas isto tem de ficar bem claro, portanto, "tomem tacto e vão vendo", como dizia a minha mãe:
Dentro do concurso haverá três modalidades: na Banda Desenhada, o número de pranchas pode variar entre duas (mínimo) e seis (máximo); na "Tira BD", é conveniente que sejam enviadas as tiras individualizadas, ou seja, uma tira em cada folha; no "Cartoon", onde se engloba o desenho de humor e a caricatura, podem ser enviadas o quantitativo já indicado no início, isto é, um máximo de cinco.
As obras a concurso (geralmente classificadas de "trabalhos", nomenclatura de que não gosto muito e evito o mais possível) devem ser enviadas conjuntamente com um pequeno currículo, fotocópia do B.I. e número do contribuinte, para: Câmara Municipal de Moura - Gabinete de Informação, Imagem e relações Públicas - 13º Concurso de B.D. e "Cartoon"-Moura 2005 - Praça Sacadura Cabral - 7860-207 Moura.
Prémios, um aspecto essencial: em cada escalão serão instituídos os seguintes: Melhor Banda Desenhada: € 750; Melhor Tira: € 350; Melhor "Cartoon": €350.
Os vencedores receberão ainda colecções de BD e diplomas.
Haverá também prémios para o Melhor Autor do Concelho de Moura, €250, e Prémio Juventude, €250, neste caso para autores que, à data limite de entrega das suas participações artísticas, tenham de 13 a 17 anos, inclusive. Tal como nas distinções anteriores, os prémios pecuniários serão complementados com colecções de BD e Diplomas.
Para terminar: todas as obras serão expostas no MOURA BD 2005 - 15º Salão de Banda Desenhada, que se realizará entre 12 e 27 de Novembro naquela cidade alentejana.
Claro que, dada a abrangência do Escalão B, por vezes há uns autores veteranos que se candidata, como já aconteceu, que me lembre agora, com Eugénio Silva na BD e Estrompa no Cartune, o que valoriza o concurso e a exposição. Mas há ainda espaço para surpresas...

Já tenho um contador de visitantes no blog

Isto de ter um contador de visitantes no blogue (a partir de 22 de Julho, obrigado filhão!) é, para qq bloguista da lusitana blogosfera, vulgar de Lineu. Mas para mim, básico no q concerne às técnicas informáticas, constitui motivo de satisfação. Isto apesar de o "blog" já estar aberto desde Março... A sério! A coisa foi assim: o Fernando Relvas "decidiu" :) que eu tinha de ter um blogue. Vai daí, abriu-o ele mesmo, e foi ele próprio quem o iniciou com um texto, exactamente aquele que diz "Enquanto o nosso amigo Geraldes Lino não começa a mexer nestas coisas dos blogs, aqui vai um abraço". Apesar de aparecer a indicação "posted by geraldes lino", o autor do texto foi ele, Relvas (obrigado, amigo), numa sexta-feira dia 4 de Março deste ano de graça de 2005, nos arredores de Zagreb, para onde o nosso categorizado autor de BD se mudou desde o ano passado, após ter casado em Portugal com a croata Nina Govedarica, e onde se sente feliz, tanto quanto sei pelos seus emails.

terça-feira, julho 19, 2005

Críticas e Notícias sobre BD na Imprensa (II) Gazeta Cru do Blitz, bom espaço com BD e sobre BD

A música é o tema essencial do semanário Blitz, é facto bem sabido de todos os melómanos.
Mas todas as terças-feiras há uma página de muito interesse para os bedéfilos que, graças a também gostarem de música, leiam aquele jornal: tem por título "A Gazeta Cru" e compõe-se de duas partes: a principal preenche-se por uma bd a cores baptizada "Superfuzz", desenhada por Rui Ricardo sob argumento de Esgar Acelerado. Na secundária, em coluna lateral, o mesmo "Acelerado", disfarçando-se em variados outros pseudónimos, de que o mais usual será "Emerenciano Osga", organiza duas séries de pequenos desenhos em formato quadrado, dignos de serem coleccionados: "Lendas da BD" (uma antologia gráfica, caricatural, de muito interesse para os aficionados da BD que, na edição de hoje, 18 Julho, podiam ver a figura de "Yellow Kid", atinge o nº 79), e "Cromos do Rock", já no nº 181, com Billy Joel.

Ainda para os fãs da BD, no resto da coluna (2/3 do espaço), Esgar Acelerado, ele também um conhecedor da especialidade, escreve recensões críticas a propósito da BD em geral e dos fanzines de BD (e não só), sempre que tem conhecimento de novidades. Daí que o seu comentário crítico de hoje seja dedicado ao Tertúlia BDzine nº 92 - Especial, numa edição limitada, distribuída gratuitamente na Tertúlia BD de Lisboa e, obviamente, já esgotada.

O conteúdo deste número especial é composto por uma banda desenhada em 8 páginas em 3D, que exige o uso de óculos de lentes coloridas, acoplados ao exemplar. A bd "Arquivo: 20; Marte 2205", da autoria de Cris Lou (argumento), Gastão Travado e J. Mascarenhas, ilustradores e especialistas em técnicas digitais, constitui a primeira bd em 3D de autores portugueses, editada em tiragem inicial de apenas 60 exemplares, que eventualmente será aumentada, exemplar a exemplar, a fim de satisfazer pedidos de coleccionadores, que podem contactar o editor do fanzine (que por acaso é também o bloguista editor e escrevinhador deste blogue "Divulgando BD") para o endereço físico (não gosto de divulgar demasiado o meu email) seguinte: 
Geraldes Lino - Apartado 50273 - 1707-001 Lisboa.

Jazz na BD

Inquestionavelmente, o Jazz está numa boa onda. Sucedem-se os eventos por tudo quanto é sítio, multiplicam-se os pequenos agrupamentos (combos), os concertos sucedem-se, as gravações/divulgações em CD surgem em sobreposição.
Neste quadrante tem estado a editar-se semanalmente, apoiada pelo matutino Diário de Notícias, uma colecção invulgar, adaptada de obra de origem francesa, que merece entusiástico destaque neste blogue essencialmente bedéfilo. A iniciativa tem por título BD JAZZ, apresenta-se em sugestivas caixas, incluindo cada uma delas uma banda desenhada de índole biográfico a respeito de um músico/compositor da especialidade, acompanhada por dois CD's com composições representativas da carreira desse artista/autor. Numa primeira fase foram editados volumes (caixa com mini-álbum e discos) relativos a nove nomes sonantes: Ray Charles, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Frank Sinatra, Louis Armstrong, Lester Young, Nat King Cole, Oscar Peterson e Duke Ellington, com a nota bem simpática de ser um banda-desenhista, ilustrador e pintor português, Pedro Zamith, quem assina a bd dedicada a Frank Sinatra, coisa que já acontecia na colecção original francesa das Éditions Nocturne.
Surge no DN de hoje a notícia da continuidade da colecção por mais três volumes, dedicados a outros tantos músicos/compositores e/ou cantores: Chet Baker, Anita O'Day e Charlie Parker. E observando-se com o mínimo de atenção a imagem publicitária relativa ao próximo lançamento dedicado a Chet, que ocupa a totalidade de uma página, tem-se a surpresa, bastante grata para a BD portuguesa, de ver os nomes de dois portugueses autores da respectiva banda desenhada: J. Fazenda e J.P.Cotrim. Como sabe qualquer bedéfilo atento ao panorama português da arte sequencial, João Fazenda será o autor das imagens e João Paulo Cotrim o argumentista deste trabalho biográfico. Atenção, portanto, ao DN (passe a publicidade, claro) da próxima 6ª fª, dia 22 de Julho, a este 10º volume de BD JAZZ.

sexta-feira, julho 15, 2005

Críticas e notícias sobre BD na Imprensa (I) Surpresas BD de Verão no Jornal de Negócios

Um apoio à BD de onde menos se espera, que surpresa agradável! 

No Jornal de Negócios (edição de 13 de Julho), apareceu um suplemento intitulado "Verão", com três páginas dedicadas à banda desenhada, sendo a primeira a funcionar como capa, com as figuras a cores das personagens Quim e Manecas (criadas no início do século passado por Stuart Carvalhais), e as restantes duas com um texto abarcando comentários a autores portugueses, desde Rafael Bordalo Pinheiro a José Carlos Fernandes, passando a vol d'oiseau pelos fanzines, uma iniciativa que merece valente chapelada de admiração. 

Um jornal tão conspícuo, tratando obviamente de assuntos essencialmente terra-a-terra característicos do mundo dos negócios, debruçar-se pelo universo da fantasia como é o da BD e dos fanzines, é, convenhamos, surpreendente.

A autoria do texto deve-se à jornalista Dora Ribeiro, que, naturalmente, para obter opiniões e elementos sobre as várias componentes, contactou individualidades ligadas à BD: João P. Boléo Pedro Silva, José Carlos Fernandes e o escriba deste blogue. Aplausos ao jornal e à jornalista!

quinta-feira, julho 07, 2005

Festivais, Salões BD e afins (II) - Subsídios para um estudo (I)

Para os fãs de banda desenhada, todos os eventos bedéfilos são momentos desejados e inolvidáveis. Isso porque lhes permitem ver pessoalmente os autores que admiram, falar com eles, obterem autógrafos ou até desenhos autografados, e adquirirem novidades editoriais a preços mais acessíveis.

Mas também são úteis para esta forma de arte sequencial, porque lhe dá maior visibilidade, não só pela participação das editoras, como também pelo contacto do público com as exposições compostas geralmente por pranchas originais.

Vêm de longe no tempo as iniciativas dedicadas à BD em várias cidades portuguesas.
Têm-se apresentado com títulos diferentes, consoante a sua dimensão ou apenas devido à preferência das entidades organizadoras, que optam, um tanto aleatoriamente, por lhes chamar Festival, Salão, Jornada, Encontro, Quinzena ou Semana de Banda Desenhada.

Com direito à classificação de pioneiro no género, o I Encontro Nacional de Banda Desenhada foi organizado na Figueira da Foz, de 24 a 26 de Agosto de 1973, seguindo-se-lhe em 1977 o Salão de BD de Aveiro, ambos apenas limitados a uma edição.

Mais importante foi o aparecimento do Festival de Banda Desenhada de Lisboa - organizado pelo amador Clube Português de Banda Desenhada - que teve existência ininterrupta durante quinze anos, com início em Março de 1982, fim em 1996. O CPBD pouco mais tempo durou, em termos oficiais.

Na Sobreda, em Maio desse mesmo 1982, começaram as Jornadas de Banda Desenhada, que se têm mantido, sendo hoje o decano dos eventos bedéfilos, sob diferente título, o de Sobreda BD.

A seguir, noutros locais – Porto, Amora, Viseu, Amadora, Moura –, outras realizações idênticas surgiram.

O evento portuense teve estreia em 1985, denominando-se no início Salão de Banda Desenhada e do Fanzine, tendo passado em seguida a Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto - SIBDP, mantendo-se anual até 1989, posteriormente bienal até à 11ª edição, e última, em 2001.
Alguns dos seus organizadores decidiram realizar uma edição virtual, na Internet, entre 5 e 26 de Novembro de 2005, que numeraram 12ª.

Em 1998 inaugurou-se na capital o Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada que, de certa forma, foi substituto do anteriormente citado festival lisboeta, embora com uma dimensão e projecção não comparáveis, por ser organizado pela Bedeteca de Lisboa, um equipamento cultural da Câmara Municipal de Lisboa.

Em Abril de 2003 estrearam-se os Encontros de BD de Santo Tirso, talvez para compensar a extinção do salão portuense.

Em 2004, o Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora atingiu a sua 15ª edição, decorrida entre 22 Outubro e 7 Novembro.
A justificar o facto de ser actualmente o mais importante evento nacional, teve vários autores estrangeiros presentes.

Ainda no mesmo ano de 2004, entre 16 e 30 de Novembro, realizou-se em Pinhal Novo, pela primeira vez, a Quinzena de Banda Desenhada com o subtítulo "Quinze Dias em Banda".
Também em Novembro, de 13 a 24, teve lugar mais um salão bedéfilo mourense, o 14º, intitulado "Moura BD 2004".

Mesmo no final desse ano 2004, de 4 a 19 de Dezembro, foi o 13º Salão BD de Viseu.

Estamos agora em meados de 2005, e já houve cinco eventos. 
Dois deles têm o estatuto de repetentes: o 6º Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada, de 19 de Maio a 5 de Junho, e o 3º Encontro de BD de Santo Tirso, entre 17 e 19 de Junho.
Quanto a estreias, foram três: 
o 1º Festival BD de Almodôvar, de 14 a 19 de Março; 
o 1º Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, de 9 a 28 de Abril; 
e o 1º Festival BD de Pinhal Novo, de 1 a 3 de Julho.

Ainda neste ano 2005 teremos mais um Salão BD em Viseu, previsto para o período de 1 a 15 de Outubro.

Haverá outro Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, com início a 21 de Outubro e final a 6 de Novembro.

E entre 12 e 27 de Novembro realizar-se-á o 15º Moura BD.

Perante um programa anual tão preenchido, os bedéfilos não se podem queixar de a BD ter falta de apoios, estímulos e visibilidade.

sexta-feira, julho 01, 2005

Banda Desenhada portuguesa nos jornais (I) Autor: José Carlos Fernandes

Há um autor português, talentoso, corajoso (mandou às malvas o seu estável emprego como engenheiro de ambiente na Ria Formosa, para se dedicar, a tempo inteiro, à BD. 
Chama-se José Carlos Fernandes, tornou-se especialmente conhecido pela obra, ainda incompleta, que dá pelo título de "A Pior Banda do Mundo". 
Inicia hoje, dia 1 de Julho, nova e invulgar experiência, uma obra em pranchas a publicar diariamente no jornal matutino Diário de Notícias, sob o título "A Agência de Viagens Lemming", impressa a cores - naquelas tonalidades laranja e sépia, tão ao seu gosto. 
Enquanto a componente gráfica tem a marca inconfundível do estilo que o caracteriza, a ficcional promete amarrar-nos à leitura diária até ao último dia de Agosto, fazendo reviver um género que há muito não se via, o da história que continua no próximo número, e que mantém o leitor/visionador em "suspense", neste caso para saber que viagens irão fazer os "urbanitas" que recorrem à imprevisível Agência Lemming.